Título: PSOL culpa TSE por registro de gasto zero
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2006, Nacional, p. A10

Partido de Heloísa diz que problema no programa da declaração gerou informação errada

O comitê da candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), que protagonizou a mais estranha prestação parcial de contas desta eleição, culpou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por registrar como zero reais os gastos efetuados por ela na campanha.

"Devido a uma falha no programa do computador, os gastos não foram lançados no relatório final, o que gerou a errônea informação de gasto zero", disse Martiniano Cavalcanti, tesoureiro da campanha. Segundo ele, gastos foram pagos através de doações de militantes e simpatizantes do PSOL ao próprio partido, no valor de R$ 105.099,41. A assessoria do TSE negou qualquer problema com o sistema de informática.

A maior parte do dinheiro, R$ 50 mil, pagou a Fábrica de Sonhos, produtora de vídeo responsável pela produção dos programas de TV e rádio, materiais gráficos e marcas de campanha. Outros R$ 30 mil foram para a empresa Espantalho, que arquiva as notícias publicadas sobre a senadora e difunde as geradas junto a veículos de comunicação. Com a confecção de 100 mil cartazes e 200 mil adesivos, o PSOL gastou R$ 15 mil. "O restante constitui doação de militantes para custear diretamente passagens e hospedagens das viagens para os Estados", afirma Cavalcanti.

A confusão se deve ao fato de o PSOL pagar diretamente as contas de campanha. Ou seja, faz uma doação à candidata que, a rigor, não gastou nada com esses serviços e contratações. O mesmo ocorreria se uma empresa aérea doasse passagens para o deslocamento da senadora, que não teria como registrar como despesas um bilhete aéreo doado.

Os maiores financiadores até agora foram parlamentares do partido. Segundo Cavalcanti, deputados federais, obrigados a entregar 25% dos rendimentos à sigla, contribuíram, cada um, com R$ 15 mil. Só Luciana Genro (RS) e Maninha (DF) estão em débito. Os deputados estaduais entraram com R$ 7 mil.

O partido, que deseja detalhar no horário eleitoral as receitas, para confrontar com a prestação de contas dos outros candidatos, reclama do fato de que bancos oficiais não registram CPF de todos os contribuintes. "Gostaríamos de mostrar aos eleitores quem são nossos financiadores", disse.