Título: BID alerta para troca de dívida externa por interna
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2006, Economia, p. B7

Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgado ontem adverte que a substituição de dívida externa por endividamento doméstico não deve ser vista como uma ¿panacéia¿ pelos países latino-americanos.

No relatório ¿Viver com dívida: como conter os riscos do endividamento público¿, o BID elogia a redução da dívida externa feita por vários países da América Latina desde 1994, entre eles o Brasil. Mas a instituição, que analisou 24 países da região, alerta para o crescimento da dívida pública doméstica.

¿A atual redução da dívida externa como proporção do Produto Interno Bruto nos países da região é freqüentemente compensada por um aumento na dívida doméstica¿, diz o BID.

A média ponderada da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) nos países, que chegou ao nível mínimo de 40% em 1994, vem crescendo desde então, chegando a 66% do PIB em 2003 e caindo para 59% do PIB em 2005.

A relação dívida líquida/ PIB do Brasil ficou em 51,6% em 2005.

¿Trocar o risco de descasamento de moedas (de dívida externa) pelo risco de rolagem (no caso de taxas de juro da dívida doméstica) não é uma panacéia¿, consta do relatório.

¿Se o próximo choque na economia da região for uma elevação nos custos de financiamento, em vez de uma desvalorização cambial, concentrar a exposição na dívida doméstica pode se provar uma aposta não tão prudente.¿

Segundo a instituição, os países devem manter sua estratégia de reduzir sua dívida externa e ganhar acesso a crédito de longo prazo, juros fixos e papéis denominados em moeda local.

No entanto, devem evitar se comprometer com taxas de juros excessivas ou prazos muito curtos. ¿Senão, eles continuarão a ter uma grande vulnerabilidade a uma crise da dívida ou surto inflacionário, só que por motivos diferentes.¿

Os países deveriam manter parte de seu endividamento em crédito externo, para acessar investidores estrangeiros e porque parte das receitas dos países é em moeda estrangeira.