Título: Evo diz que agora pode dar segurança jurídica
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2006, Economia, p. B4

Presidente festeja vitória na nacionalização do gás

O presidente da Bolívia, Evo Morales, prometeu que agora dará segurança jurídica às companhias que operam no país. Falando para a televisão e para os correligionários do Movimento ao Socialismo (MAS), Evo afirmou que, finalmente, as companhias terão o que sempre pediram, a ¿estabilidade jurídica para os contratos¿.

Num discurso triunfalista, Evo lembrou as convulsões sociais pelas quais passou o país para a retomada do controle do petróleo e do gás. Não por acaso, os atos de assinatura dos novos contratos foi no Palácio das Comunicações, no Centro de La Paz, mesmo local onde anos antes o governo do presidente deposto Gonzalo Sanchez de Lozada privatizou as companhias.

Evo, líder de um governo de inspiração socialista, afirmou que a Bolívia vive ¿um dia histórico¿ por ter empreendido ações que estão ¿mudando a ordem neoliberal¿, numa referência à onda de privatizações que avançou na América do Sul a partir dos anos 90.

Sob gritos de ¿Viva Evo!¿, o primeiro mandatário da Bolívia comemorou o fato de ter feito a nacionalização ¿sem confiscos, sem expulsar empresas¿. Afirmou ainda que foi uma ¿nacionalização sem indenizações¿ para as companhias.

Essa vitória política já começa a mostrar resultados do ponto de vista econômico. Evo afirmou que em quatro anos a Bolívia receberá cerca de US$ 4 bilhões em recursos da chamada renda petroleira. Neste ano, os valores, apenas com as mudanças até agora, resultará num ingresso de US$ 1 bilhão.

¿Antes da nacionalização dos hidrocarbonetos, as receitas para o Tesouro da Bolívia eram de apenas US$ 250 milhões por ano¿, afirmou. A revolução de Evo converte-se, ao que parece, num negócio muito bem sucedido. O dinheiro será, segundo ele, aplicado no desenvolvimento econômico e social do país.

REFERÊNCIA A LULA

Evo se referiu ao presidente Lula em seu discurso. Salientou que o colega se sensibilizou com a situação da Bolívia e o apoiou no processo de nacionalização. ¿Esse acordo (com a Petrobrás) permite a integração (dos dois países). Temos um matrimônio sem divórcio. A Bolívia precisa do Brasil e o Brasil precisa da Bolívia¿, afirmou.