Título: Petrobrás acha 'prematuro' investir na Bolívia
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2006, Economia, p. B3

Presidente da estatal na Bolívia disse que é preciso saber se os contratos serão aprovadas pelo Congresso

Os investimentos da Petrobrás na Bolívia continuam congelados, mesmo depois da assinatura dos novos contratos de Exploração e Produção dos megacampos de San Alberto e San Antonio.

A informação foi dada pelo presidente da Petrobrás Bolívia, José Fernando Freitas, na madrugada de domingo, depois da cerimônia - transmitida ao vivo para toda a Bolívia - que marcou o cumprimento do Decreto de Nacionalização.

¿Falar em investimento agora é prematuro. Precisamos saber se as condições postas nos contratos serão ratificadas pelo Congresso Boliviano¿, afirmou o principal executivo da companhia brasileira na Bolívia. Essa posição de certa forma quebra a expectativa boliviana de receber novos investimentos sem que o novo marco regulatório no país esteja definitivamente sedimentado.

O presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Juan Carlos Ortiz, diz esperar US$ 1,5 bilhão em investimentos da Petrobrás a partir de agora. ¿Esses investimentos podem ampliar-se em função dos projetos conjuntos com outras companhias.¿

ABASTECIMENTO

A Bolívia conta com a retomada dos investimentos das dez petroleiras que firmaram novos contratos. Sabe que isso é condição fundamental para atender à clientela sul-americana.

Somente assim terá condições de cumprir a demanda de gás que deve subir de 45 milhões para 65 milhões de metros cúbicos por dia, a partir de 2010, quando o país terá de começar a cumprir o contrato assinado com a Argentina há duas semanas.

Néstor Kirchner, presidente argentino, assinou um contrata de 20 milhões de m³/dia, o que elevará as compras argentinas da Bolívia a 27 milhões de m³/dia.

Freitas defendeu a iniciativa boliviana de criar mercados adicionais, mas ponderou sobre a premente necessidade de investimentos

Mas em nenhum momento disse qual poderá ser a contribuição da Petrobrás. Hoje, a estatal brasileira tem US$ 1 bilhão em investimentos no país, mais da metade disso aplicado no desenvolvimento dos megacampos de gás, de onde saem 70% do gás boliviano exportado para o Brasil.

Para o avanço pretendido pelo governo Evo Morales, inclusive com a disposição de vender gás para os chilenos, a estimativa é de que a Bolívia necessite US$ 3 bilhões para desenvolver novos campos. Sem isso, até o Brasil passa a correr risco de desabastecimento.