Título: Diretriz é de Lula, rebate ex-ministro
Autor: Sandra Hanh
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2006, Nacional, p. H6

O deputado federal eleito e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT) criticou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que afirmou ter acabado a ¿era Palocci¿ na economia, com baixas de crescimento e preocupação excessiva com a inflação, sem contemplar distribuição de renda. ¿Nunca houve a era Palocci. A política econômica sempre foi uma decisão do presidente Lula e não acredito que um ministro como o Tarso Genro, que é um grande líder no País, possa fazer qualquer reparo na política econômica do presidente Lula, que tem sido vitoriosa¿, disse Palocci, logo após votar, em Ribeirão Preto (SP), em rara entrevista à imprensa.

O ex-ministro defendeu, entretanto, que a política econômica no segundo mandato de Lula passe por ajustes em busca de maior crescimento. ¿A política econômica tem sempre que melhorar, com crescimento mais vigoroso do PIB. É um esforço que todo o Brasil deve fazer porque, nesse primeiro período, foi plantada a semente da estabilidade da economia, o comportamento da inflação nunca foi tão bom e o povo é o grande beneficiário disso¿, afirmou Palocci. ¿Não se trata agora de manter a política, mas de avançar.¿

Ao contrário das críticas feitas a Tarso, Palocci elogiou e defendeu Guido Mantega, seu sucessor no Ministério da Fazenda. Ele disse que o ministro tem se mostrado, desde o início do governo e não só no ministério, ¿preparado para enfrentar os desafios da área econômica e de outras áreas em que já esteve à frente¿. ¿É uma pessoa equilibrada, cuidadosa em relação às suas medidas e todas que tomou neste período, eu pessoalmente não teria críticas a fazer.¿

Ao contrário do primeiro turno, quando votou às 8h25, Palocci chegou ao Colégio Otoniel Mota, onde estudou, às 12h50 e votou em menos de um minuto. Cumprimentou eleitores, conversou com mesários e ainda mostrou aos jornalistas onde era o laboratório de química da escola.

Ao ser indagado sobre a reeleição de Lula e se aceitaria um cargo no próximo mandato, disse que espera apenas ser um deputado a serviço do Brasil. ¿O povo me deu um cargo de deputado e eu penso que, humildemente, possa trabalhar com os demais para construir medidas e soluções que ajudem o Brasil a dar um salto de qualidade, de educação, melhorar e vencer o desequilíbrio social e conquistar um crescimento econômico mais vigoroso.¿

Por fim, Palocci disse que torce pelo sucesso de Lula no segundo mandato e também defendeu, assim como o próprio presidente da República, uma união nacional. ¿É muito difícil equilibrar toda a complexidade das demandas do Brasil e espero que, com a reeleição do presidente Lula, ele tenha a humildade e a grandeza que sempre tem tido de dialogar com todos¿, concluiu.

Palocci encerrou a entrevista antes de responder a perguntas sobre o pedido de prisão contra ele feito pelo delegado seccional de Ribeirão, Benedito Antonio Valencise, à Justiça, por suspeita de participação em irregularidades no contrato de limpeza urbana na cidade paulista que governou por duas vezes (de 1993 a 1996, e de 2001 a 2002).