Título: Máfia não economizou presentes
Autor: Fausto Macedo, Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2006, Nacional, p. A4

Amigos recebiam de caminhões a cestas básicas

, BRASÍLIA

Além de pagar comissões em dinheiro aos deputados que facilitavam sua ação, a máfia dos sanguessugas não economizou nos mimos para aqueles que teriam participado do esquema. A máfia deu de presente ou emprestou a amigos congressistas carros, caminhões, passagens aéreas, máquinas de café e até cestas básicas, em troca da apresentação de emendas parlamentares que garantissem o envio de recursos para prefeituras comprarem as ambulâncias superfaturadas da Planam.

Os chefes do esquema teriam custeado até mensalidades escolares do filho de pelo menos um dos deputados suspeitos, Nilton Capixaba (PTB-RO), conforme revelado no depoimento do empresário Darci Vedoin à Justiça Federal.

Os casos de envio de presentes começaram quase ao mesmo em que o esquema ganhava corpo dentro do Congresso. O deputado Lino Rossi (PP-MT), primeiro político a fazer contato com o esquema montado pelos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin, também teria dado a partida no recebimento de agrados. Segundo os empresários, Lino recebeu um caminhão, uma carreta, um microônibus e um carro Fiat Ducato.

Um dos veículos foi repassado ao senador Magno Malta (PL-ES), que o teria usado para transportar um conjunto que integra, o Tempero do Mundo. O repasse desse carro seria uma forma de adiantamento para que o senador participasse do esquema. Malta alega que foi apenas um presente de amigo.

Carros e ônibus equipados eram presentes comuns. O deputado Pastor Amarildo (PSC-TO) recebeu um microônibus, com um minipalco, para usar na campanha de 2002. O veículo custou, segundo Darci Vedoin, R$ 40 mil. O irmão do deputado Jefferson Campos (PTB-SP) ganhou um ônibus-consultório. O deputado Fernando Gonçalves (PTB-RJ) recebeu em novembro de 2001 um ônibus médico-odontológico, no valor de R$ 54 mil.

Na troca de favores, os sanguessugas também tiveram prejuízo na entrega de mimos. Em 2002, o líder do PP, Pedro Henry (MT), ganhou de Luiz Antônio uma caminhonete. Acabou devolvendo aos sanguessugas o valor apurado com a venda do carro, depreciado pelo uso.