Título: Governador fica em saia-justa
Autor: Fausto Macedo, Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2006, Nacional, p. A4

Empresário cita reuniões com Dias para acertar licitação

Em depoimento à CPI dos Sanguessugas na semana passada, o empresário Luiz Antônio Vedoin, incriminou de forma enfática o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Ele sustentou ter mantido três encontros com o governador, para acertar suposto direcionamento em processo de licitação, em 2003 e 2004. Na época, Dias queria comprar 143 ambulâncias e dispunha de um crédito do Ministério da Saúde de R$ 11 milhões.

A agenda de Dias (PT) registra uma audiência, no dia 9 de junho de 2003, com Darci Vedoin, pai de Luiz Antônio seu e sócio na Planam. A audiência estava marcada para as 12 horas daquele dia. O governador, porém, disse ao Estado que o encontro não ocorreu e argumentou que a licitação para compra de ambulâncias foi realizada em pregão eletrônico. Luiz Antônio, contudo, afirmou à CPI que o pregão do Piauí "é totalmente vulnerável".

O empresário Ronildo Pereira - outro integrante do esquema preso na Operação Sanguessuga - declarou em seu depoimento à Justiça que os donos da Planam chegaram ao governo do Estado do Piauí pelas mãos de José Airton Cirilo, integrante do Diretório Nacional do PT.

ZECA DO PT

Luiz Antônio também reafirmou negociações para venda de ambulâncias que teria mantido na Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul, Estado comandado por Zeca do PT. O governador mato-grossense também rechaçou qualquer suspeita de irregularidades e alegou igualmente que as licitações em seu Estado são feitas por pregão eletrônico.

Outro petista ilustre, o ex-ministro da Saúde Humberto foi acusado de envolvimento na máfia dos sanguessugas, em depoimento à Justiça Federal de Darci Vedoin. Segundo o empresário, Costa e funcionários de seu gabinete estão envolvidos no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. Ele contou que o lobista José Caubi Diniz teria confidenciado, na metade de 2003, que haveria um acordo com Costa e Cirilo, "para serem liberados R$ 30 milhões" na aquisição de ambulâncias e equipamentos médico-hospitalares.

A verba seria extra-orçamentária e o acerto incluía o pagamento de 15% de propina das licitações executadas. Desse total, R$ 6 milhões seriam para prefeituras e entidades do Ceará, Estado de Cirilo