Título: Estado é o que mais recebe transferência de renda
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2006, Nacional, p. A14

O governo Lula vem investindo pesado em programas de transferência de renda na Bahia. De fato, o Estado é o campeão nacional de repasses dos programas Bolsa-Família, Bolsa-Escola e Auxílio-Gás. Fica em segundo lugar nacional nos repasses dos programas Bolsa-Alimentação e Cartão-Alimentação.

É um caminhão de dinheiro mensal. Somente em junho, os repasses desses cinco programas para a Bahia somaram cerca de R$ 95,4 milhões, beneficiando aproximadamente 1,6 milhão de famílias. O maior volume desse total provém do Bolsa-Família, responsável pela transferência de cerca de R$ 91,3 milhões mensais, atendendo 1,4 milhão de famílias.

O PFL local não critica os repasses, mas acha que o PT tenta fazer uso político das medidas. "Eu nunca fui contra participar ao lado do governo federal de qualquer medida que seja boa para a Bahia. Muito menos contra o repasse de recursos para quem necessita. Mas me parece que, em vários casos, o governo discrimina a Bahia claramente", diz o governador Paulo Souto (PFL). E completa: "O governo federal prevê fazer a duplicação da BR-101 em todos os outros Estados do Nordeste, menos em território baiano."

"O governo federal também promete a construção da Ferrovia Transnordestina, para ligar Piauí a Pernambuco e Ceará. A obra é de R$ 4,5 bilhões e servirá para escoar a produção de grãos do Nordeste", cita o governador. "Ora, como se faz uma obra dessas sem passar pela Bahia, onde se produzem 65% dos grãos da região? Então, eu começo a achar que isso acontece porque na Bahia o governo é do PFL."

DÉFICIT SOCIAL

O candidato Jaques Wagner (PT) tem opinião oposta. "O fato de a Bahia ser a campeã de repasses dos recursos dos programas de transferência de renda do governo federal me causa uma grande alegria e uma profunda tristeza. A alegria é porque o governo está fazendo sua parte para ajudar quem precisa muito. A tristeza é que isso mostra como a Bahia tem problemas nessa área social. Porque nossos indicadores sociais ainda são dramáticos, apesar de o Estado ser a sexta maior economia do País", diz. M.M.