Título: Tendência é disputar prefeitura em 2008
Autor: Ana Paula Scinocca, Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2006, Nacional, p. H15

Tucano talvez assuma comando do PSDB para ter visibilidade política

Quem tem vocação executiva não costuma ser feliz no Legislativo. Quando foi deputado federal, Geraldo Alckmin não conseguiu ser um parlamentar de destaque. Sua passagem pelo Congresso foi discreta. Na verdade, é na função de administrador público que ele se realiza. Fora o Palácio do Planalto, gostaria de ser prefeito de São Paulo. Em 2000, então vice-governador, disputou o cargo. Terminou em terceiro lugar, atrás de Marta Suplicy (PT) - que acabou sendo eleita - e de Paulo Maluf (PP), mas se empolgou com o projeto.

Durante toda a campanha presidencial, Alckmin recusou-se a falar sobre seus projetos políticos futuros. Não pensava em outra coisa que não ser o próximo presidente da República. Já na reta final da disputa, e com as pesquisas apontando ampla vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o tucano se esquivava de comentar sobre o dia seguinte à eleição. ¿Existem dois ansiosos na vida: os políticos e a imprensa¿, costumava repetir sempre que indagado sobre seus próximos passos na vida pública.

Certa vez, em viagem de campanha a Roraima, admitiu ao Estado que comandar a maior cidade do País seria uma honra. ¿Senador, deputado, nem pensar. Mas prefeito de São Paulo seria um interessante desafio¿, disse. Para conseguir a indicação do PSDB terá de enfrentar um obstáculo chamado José Serra. De olho em 2010, o governador eleito não vê com simpatia a candidatura Alckmin. Com o Palácio dos Bandeirantes nas mãos, Serra também tem hoje peso fundamental nas decisões municipais. Seu substituto na prefeitura, Gilberto Kassab (PFL), costuma ouvir Serra antes de tomar as principais decisões da cidade. Com isso pode muito bem conseguir de Serra o apoio para que dispute o cargo em 2008, cabendo ao PSDB o posto de vice em uma dobradinha com o PFL.

COMANDO PARTIDÁRIO

Assim como não pretende voltar ao Congresso, Alckmin também não gosta de atividades partidárias. Por isso, nunca sinalizou interesse em presidir o PSDB. Ocupar o posto, porém, talvez seja necessário para que o ex-governador mantenha presença na mídia até 2008. ¿Querer ser presidente do PSDB ele não quer. Mas talvez não tenha outra opção¿, observou um interlocutor.

Hoje o partido está sob o comando do senador Tasso Jereissati (CE), cujo mandato só se encerra em outubro do ano que vem. Tasso, porém, já avisou que pretende antecipar o processo sucessório para os primeiros meses de 2007. O único tucano que já afirmou com todas as letras ter interesse em presidir o PSDB é o senador eleito Marconi Perillo, ex-governador de Goiás.