Título: `Menudos¿ do PFL articulam para descolar partido do PSDB
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2006, Nacional, p. H16

Rodrigo Maia e ACM Neto já iniciaram entendimentos para tornar legenda principal referência da oposição

Uma manobra silenciosa está sendo articulada no PFL para mudar a imagem do partido junto ao eleitorado e encerrar o ciclo de alianças com os tucanos. Os deputados Rodrigo Maia (PFL-RJ) e Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) iniciaram entendimentos com parlamentares e líderes para mudar a direção do PFL e transformá-lo no principal partido de oposição ao governo Lula.

Nesse cenário, Rodrigo Maia, atual líder da bancada da Câmara, quer ser o novo presidente do PFL, em substituição ao senador Jorge Bornhausen (SC). ¿É um assunto embrionário e depende ainda de entendimentos. O ponto principal é que a aliança com o PSDB se esgotou¿, afirmou Rodrigo Maia. Na Câmara, seu lugar na liderança seria dado ao vencedor de uma disputa que se desenha entre ACM Neto e o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Com tanta renovação, as articulações do PFL para se opor ao governo Lula passaram a ser chamadas de ¿a revolta dos menudos¿, dado o número de parlamentares jovens que desejam assumir postos de direção. ¿Vamos resolver a questão das lideranças e ouviremos as postulações desses dois deputados e de outros também interessados. No Congresso, a nossa prioridade será a eleição de José Agripino (RN) para a presidência do Senado¿, disse Rodrigo Maia.

A avaliação é de que a renovação do PFL é fundamental para a sobrevivência da legenda que, na última eleição, viu seu número de deputados diminuir de 84 para 65, ficando atrás do PMDB, PT e até do PSDB, que elegeu uma bancada federal com um parlamentar a mais.

Nas conversas internas, os menudos do PFL estão certos de que o PSDB fará oposição com baixos teores de radicalismo para não inviabilizar os governos de José Serra, em São Paulo, e Aécio Neves, em Minas. Daí a necessidade de o PFL aproveitar o vácuo para transformar-se na principal referência da oposição ao governo Lula.

A maior dificuldade estaria na carência de quadros. O PFL foi derrotado nos Estados onde disputou e conseguiu apenas eleger José Roberto Arruda para o governo do Distrito Federal. O vexame só não é maior porque os prefeitos do Rio e de São Paulo são da legenda.

¿A coligação com o PSDB foi prejudicial ao PFL. Para sustentá-la tivemos de tomar decisões duras até contra aliados, como aconteceu com Roseana Sarney no Maranhão. Vamos esquecer o PSDB¿, afirmou Rodrigo Maia.