Título: Em Birigüi, calçadistas fecham as portas
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2006, Economia, p. B4

Exportação caiu 10% no semestre e empresas deram férias coletivas

Chico Siqueira - BIRIGUI

Os avanços administrativos do Arranjo Produtivo Local (APL) de Birigüi, no noroeste do Estado de São Paulo, foram insuficientes para vencer os obstáculos cambiais. Com cerca de 160 empresas e 17,5 mil trabalhadores, o pólo de calçados de Birigüi fechou o primeiro semestre com uma redução de 6% na produção e de 10% no volume de exportações.

¿O dólar desestimula os empresários porque a rentabilidade caiu demais¿, diz o presidente do Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigüi (Sinbi), José Roberto Colli.

Com isso, várias empresas do arranjo produtivo estão fechando. Eram 164 em 2004 e passaram a 159 em 2005. A tendência é o pólo exportador continuar encolhendo. Em 2005, Birigüi produziu uma média de 230 mil pares por dia, ante 250 mil pares por dia produzidos no ano de 2004, o que representa uma redução de 8% na produção. Os postos de trabalho caíram de 19 mil em 2004 para 17,5 mil em 2005. Em junho deste ano, a indústria de Birigüi deu férias coletivas parciais ao trabalhadores pela primeira vez em 20 anos. A medida foi adotada por causa da redução das vendas. ¿A queda do dólar reduziu exportações e obrigou as empresas a direcionar as vendas para o mercado interno, prejudicando principalmente as pequenas e microempresas que não conseguiram disputar preços¿, explica Colli.

Segundo ele, a concorrência ficou ainda mais acirrada porque os grandes compradores do calçado de Birigüi passaram a optar pelo produto chinês, cujo custo de produção é menor.

Segundo Colli, se não existisse a estrutura de integração do APL, a situação seria ainda pior. ¿Sem o arranjo, não conseguiríamos sobreviver nessas condições e um número bem maior de empresas seriam fechadas.¿ Segundo ele, as ações do APL levaram os empresários a se unir numa gestão corporativa que os ajuda a resolver problemas. ¿Há uma interação muito grande entre os empresários¿, diz.

Consórcio leva empresas a feiras

A Brazon, um consórcio de Birigüi que reúne nove pequenas e médias empresas, leva as companhias para participar de feiras e negócios no mundo todo. Todos os integrantes do consórcio dobraram ou triplicaram o volume de exportação nos sete anos de existência da organização, diz o presidente da Brazon, Maurício de Miguel Felipini.

Segundo Felipini, as empresas economizam nas vendas e repassam o benefício aos compradores, uma vez que promovem exportações em conjunto. ¿Como cada uma vende um produto diferenciado, podemos vender pouco e, mesmo assim, o comprador enche os contêineres.¿

Outra ação é o Estande Coletivo, uma maneira encontrada para levar pequenas e microempresas para grandes feiras. Neste ano, 16 delas vão poder vender os produtos na Francal. Além disso, há ações direcionadas para modernização de gestão administrativa e de atualização de produtos.