Título: Quadrilha desbaratada em maio se espalhou por quase 600 prefeituras
Autor: Angélica Santa Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2006, Nacional, p. A12

Iniciada em 4 de maio, a Operação Sanguessuga desbaratou uma quadrilha de venda de ambulâncias superfaturadas e ônibus para projetos de inclusão digital responsável por uma fraude que girou pelo menos R$ 110 milhões. Cooptou parlamentares - 90 investigados pela CPI dos Sanguessugas, 72 deles denunciados -, quase 600 prefeituras e se infiltrou em pelo menos dois ministérios: Saúde e Ciência e Tecnologia. Teria negociado com um governador, do Piauí, e sondado outro, de Mato Grosso do Sul.

A fraude, de modo simplificado, consistia na compra de ambulâncias superfaturadas ou de ônibus por prefeituras. O dinheiro vinha de emendas parlamentares, apresentadas por colaboradores do esquema - que teriam ficado com R$ 12,8 milhões em propinas - e liberadas com a ajuda de uma funcionária do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino. Quando não recebiam dinheiro ou depósitos, os parlamentares ganhavam presentes e agrados, de cestas básicas a carros de luxo.

O primeiro fio da investigação, que conduziria à central das fraudes, a empresa Planam, foi puxado pela Controladoria-Geral da União, em 2003. O caso foi então repassado à Polícia Federal, que grampeou os suspeitos, com autorização da Justiça, e desvendou a máfia.

Todos os 47 presos foram soltos. Boa parte das provas obtidas vêm dos dois principais chefes do grupo, os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, pai e filho, que aceitaram falar em troca da redução de pena.