Título: CPI absolve deputados que MP investiga
Autor: Mariangela Gallucci, Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2006, Nacional, p. A13

A CPI dos Sanguessugas absolveu 18 parlamentares suspeitos de envolvimento com fraudes na compra de ambulâncias. Mas 11 dos inocentados pela CPI estão sob investigação pelo Ministério Público Federal. Os inquéritos tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e foram abertos a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, por considerar que há indícios que precisam ser apurados.

Os deputados absolvidos pela CPI, mas investigados pelo MP, são Teté Bezerra (PMDB-MT), Itamar Serpa (PSDB-RJ), Jefferson Campos (PTB-SP), Dr. Heleno (PSC-RJ), Eduardo Gomes (PSDB-TO), Benedito de Lira (PP-AL), Mário Negromonte (PP-BA), Nélio Dias (PP-RN), Ribamar Alves (PSB-MA), Fernando Estima (PPS-SP) e Zelinda Novaes (PFL-BA).

Todos os inquéritos abertos no STF tramitam em segredo de Justiça. Além desses 11, outros 46 foram abertos a pedido do procurador-geral para investigar a suposta participação de congressistas na fraude. Souza analisa o conteúdo do depoimento de Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam - o outro sócio é seu pai, Darci Vedoin -, e em breve deverá pedir a abertura de novos inquéritos no Supremo.

A CPI resolveu inocentar os 11 deputados por considerar que não existem provas ou que os indícios são fracos. Mas nos inquéritos abertos no Supremo as suspeitas poderão ser apuradas de forma mais aprofundada, já que os prazos são mais elásticos.

Os inocentados tinham entrado na lista de suspeitos da comissão após a revelação de documentos, como planilhas e escutas telefônicas. Mas, em seu depoimento à CPI, Luiz Antônio inocentou os parlamentares. Afirmou que pretendia fazer as mesmas retificações perante a Justiça Federal. Esse fato, associado às defesas apresentadas pelos parlamentares, levou a CPI a inocentá-los.

Conforme a documentação em poder da Procuradoria-Geral da República, por exemplo, uma funcionária do gabinete de Serpa teria recebido dinheiro do esquema e as emendas do deputado eram acompanhadas pelos empresários da Planam.

À CPI, Luiz Antônio disse que nunca negociou com o parlamentar, apenas com a assessora.

No caso do deputado Benedito de Lira, planilhas apreendidas na Planam indicariam que o esquema tinha as suas senhas para acompanhamento de projetos junto ao Ministério da Saúde. Suspeitas parecidas recaíam contra Alves e Negromonte.

Contra o deputado Nélio Dias havia uma gravação indicando, conforme a Polícia Federal, que o parlamentar teria intermediado negociações entre Darci e um prefeito do Rio Grande do Norte.

Já o nome de Bezerra figura nas planilhas contábeis, apreendidas pela PF na sede da Planam, associado a repasses de R$ 65 mil.