Título: Governo quer ampliar número de matrículas
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2006, Vida&, p. A24

O projeto de expansão do governo Lula pretende aumentar em pouco mais de 20% o número de alunos em universidades federais até 2010. A estratégia do governo foi principalmente a de criar prolongamentos de instituições já existentes - são 48 novos campus em cidades onde elas não chegavam. As novas universidades, de fato, são quatro: no ABC paulista, no Mato Grosso do Sul, no Recôncavo Baiano e no Rio Grande do Sul. Todas elas já iniciaram as aulas ou começam mês que vem.

O total de novas vagas será de 125 mil, mas distribuídas ano a ano. Hoje o sistema de ensino superior federal tem 574.584 estudantes em 55 instituições. "Fizemos os projetos de expansão conforme demandas das próprias universidades e chegamos a cidades que não estavam sendo atendidas", diz o diretor do departamento de desenvolvimento da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Manuel Palácios.

A maioria das novas cidades que receberão instituições fica longe das regiões metropolitanas, como Castanhal, no Pará, Barreiras, na Bahia, Garanhuns, em Pernambuco. A interiorização do ensino superior público é uma das características da expansão que os integrantes ou ex-integrantes do governo mais têm destacado em discursos durante a campanha eleitoral. As vagas federais estão surgindo onde não há sequer instituição privada.

Segundo a secretária do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Maria do Céu de Lima, as expansões foram feitas sem discussão prévia com os professores. "Eles tiveram que definir projetos pedagógicos urgentes para os novos cursos", diz. Para o Andes, no entanto, "a expansão é imperativa" e o ensino superior federal precisaria criar 1,5 milhão de novas matrículas até 2011.

Outra reclamação é com relação às contratações de professores para as novas e antigas instituições. Durante os anos 90, o sistema praticamente não aumentou seu quadro de pessoal. O governo informa que já começou a resolver o problema com a liberação de 9 mil vagas; 2.400 delas para as novas instituições.