Título: UFRJ não consegue pagar manutenção básica
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/08/2006, Vida&, p. A24

Apesar do aumento nas verbas de custeio (gastos fixos e de manutenção), que praticamente dobraram entre 2003 e 2006, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) continua a ter problemas de infra-estrutura, como infiltrações nos prédios, falta de professores e dívidas com as concessionárias de luz e telefone.

Em 2006, a maior universidade brasileira conta com R$ 94 milhões para o custeio das despesas fixas e dos gastos com manutenção. Segundo o pró-reitor de Graduação, José Roberto Meyer, universidades estaduais do mesmo porte, como a USP e a Unicamp , financiadas com parte da arrecadação do ICMS do Estado de São Paulo, contam com quase o triplo de recursos.

A Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, que cuida do orçamento da universidade, estima que, para atender a todas as demandas, seriam necessários R$ 160 milhões, sem contar os projetos de expansão das atividades universitárias.

"Eu sinto falta de mais infra-estrutura, temos poucos laboratórios, oficinas sem computadores, muitas salas estão inutilizadas por infiltração", reclama o estudante do último período de desenho industrial, Gabriel Costa.

Mesmo com um orçamento insuficiente para dar conta das despesas já existentes, a UFRJ mantém uma política de expansão do número de vagas. Desde 2003, foram abertas 450 novas vagas. Essa política se traduz não apenas no aumento das vagas, mas também na criação de novos cursos, na ampliação do turno da noite e na construção de novos campus, como o de Macaé, no ano passado.

"Se o aumento de vagas influenciar nas notas necessárias para passar no vestibular, a qualidade vai cair, como aconteceu na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que dobrou o número de calouros desde o início dessa reitoria, em 2003", reclama a funcionária administrativa da FAU, Maria da Guia.

A professora de arquitetura Cessa Guimarães diz não ver problemas no aumento do número de vagas, desde que haja mais recursos para infra-estrutura. "Mais gente tem que ter essa oportunidade", afirma. Para a estudante Sarah Huber, de 19 anos, no entanto, as instalações físicas da universidade não comportam o aumento de estudantes: "Se botarem mais gente, o prédio cai."