Título: Cunha lima vence na PB e PF apura crime eleitoral
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2006, Nacional, p. H23

A Polícia Federal (PF) apreendeu ontem mais R$ 102,8 mil em dinheiro num escritório no Edifício Concorde, em João Pessoa (PB). Antes, na sexta-feira, foram encontrados R$ 304 mil na marquise do mesmo prédio. O mandado de busca foi pedido pela PF como parte do inquérito que apura a origem e destino do dinheiro e crime eleitoral. A operação foi autorizada pela juíza da Propaganda Eleitoral, Maria das Graças Moraes Guedes. Ninguém foi preso.

Nos últimos dias, as apreensões de dinheiro e as denúncias de compra de votos acirraram mais a campanha na Paraíba. O governador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi reeleito, derrotando o senador José Maranhão (PMDB). Ele recebeu 1.003.102 mil votos (51,35%) e Maranhão, 950.269 mil (48,65%), uma diferença de 52.833 mil votos.

Policiais federais entraram no prédio por volta das 7h30 e vasculharam o escritório do empresário Olavo Cruz Lira. Além dos R$ 102.870,00, foram aprendidos também uma pistola 380, dois computadores, documentos diversos e material de propaganda eleitoral. Toda apreensão foi encaminhada para a sede da corporação e está à disposição da Justiça.

A PF não divulgou de que candidato era o material de campanha para evitar a exploração política do caso, segundo o chefe da comunicação da instituição, Deusimar Wanderley Guedes. O inquérito, presidido pelo delegado José Juvêncio, investiga a suspeita de que os R$ 304 mil em dinheiro e dezenas de camisetas amarelas foram jogados do prédio momentos antes da abordagem de fiscais da Justiça Eleitoral, que apuravam uma denúncia anônima de compra de votos.

Guedes disse que a investigação aponta que o dinheiro apreendido e as camisas amarelas teriam sido arremessados do mesmo escritório. Lira e seu advogado não foram localizados para comentar o episódio. Amarelo é a cor do tucano Cunha Lima. As camisas apreendidas, porém, não tinham identificação.

Um outro inquérito foi aberto pela PF para investigar a apreensão, na quinta-feira, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), de R$ 42,9 mil em dez envelopes com nomes de políticos do interior do Estado e CDs com a inscrição ¿Cássio 45¿.

O dinheiro estava em um carro ocupado por dois servidores do Estado, que foram presos em flagrante. A Justiça, no entanto, entendeu que os recursos saíram legalmente da campanha de Cássio e aceitou o argumento de que eles se destinavam a gastos no interior.

O juiz eleitoral José Edvaldo Albuquerque de Lima, da Comarca de Bayeux, na região metropolitana de João Pessoa - onde ocorreu a apreensão-, determinou a liberação dos R$ 42,9 mil, do veículo e dos funcionários do governo paraibano Gláucio Arnaud e Reinaldo Silva. O inquérito não foi encerrado.

Advogados da coligação de Maranhão solicitaram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que investigue o caso. Ao votar, o candidato do PMDB acusou o oponente de empreender ações de compra de votos no Estado. Cunha Lima, que votou em Campina Grande, evitou comentar a ação de busca e apreensão da PF.