Título: Petrobrás tem lucro recorde de R$ 13,6 bilhões
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/08/2006, Economia, p. B12

A Petrobrás anunciou ontem um lucro de R$ 13,634 bilhões no primeiro semestre de 2006, 37% maior que o do mesmo período de 2005. Impulsionado pelo aumento da produção nacional e pelas altas cotações do petróleo no mercado internacional, o desempenho é o melhor da história da companhia para o período. Perde apenas para o do segundo semestre de 2005, de R$ 13,643 bilhões.

"É o melhor resultado operacional de nossa história", afirmou o diretor-financeiro da estatal, Almir Barbassa, lembrando que o recorde do fim de 2005 teve o impacto de ganhos contábeis. No segundo trimestre de 2006, a Petrobrás lucrou R$ 7 bilhões, 41% mais que em 2005.

Segundo Barbassa, três fatores foram fundamentais para o desempenho do semestre. O primeiro é a produção nacional de petróleo, que cresceu 7% no período - com o início das operações das plataformas P-50 e FPSO Capixaba - e atingiu 1,754 milhão de barris por dia.

A alta do petróleo também foi decisiva. De acordo com a empresa, o preço médio do tipo Brent chegou a US$ 69,62 por barril no segundo trimestre - alta de 35% com relação ao mesmo período de 2005. O preço do óleo produzido pela estatal acompanhou o ritmo de crescimento e fechou o trimestre em US$ 58,20 por barril.

Os preços dos combustíveis da empresa também aumentaram no período, chegando a US$ 70,7 por barril. O aumento de 28%, no entanto, foi menor que o do petróleo, fazendo com que os combustíveis nacionais tenham quase o mesmo preço do Brent, o que justificaria reajustes. Barbassa destacou, porém, que a alta do petróleo é motivada por fatores pontuais, como a crise no Oriente Médio. "Daqui a pouco o petróleo cai e voltamos a ter folga", previu.

O terceiro fator foi o aumento da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras, que garantiu à companhia vender produtos de maior valor agregado. No primeiro semestre, as refinarias da estatal operaram com 91% da capacidade, produzindo a média de 1,666 milhão de barris de derivados por dia. No primeiro semestre de 2005, a utilização foi de 85%.

O mercado brasileiro de combustíveis cresceu 2% no período, atingindo a média diária de 1,803 milhão de barris. Esse fato contribuiu para uma reversão na balança comercial da companhia, que saiu de um déficit de US$ 165 milhões no primeiro semestre de 2005 para superávit de US$ 176 milhões este ano.

Atrasos no início das operações de duas plataformas, porém, levaram a Petrobrás a reduzir a estimativa de superávit comercial em 2006, de US$ 3 bilhões para US$ 2,5 bilhões. A meta de produção no ano também foi reduzida, de 1,91 milhão para 1,88 milhão de barris por dia.

O balanço do segundo trimestre já mostra o impacto da instabilidade regulatória na América do Sul. A produção internacional da empresa caiu 15% no período, para 138 mil barris por dia, em média. Segundo Barbassa, a queda é resultado das mudanças contratuais na Venezuela. "Antes, tínhamos 100% da produção lá. A partir de abril, com os novos contratos, passamos a ter 40%."

A empresa não abriu os números oficiais da Bolívia alegando ser "irrelevante" para os negócios da companhia. Barbassa admitiu, porém, que a carga tributária imposta com o decreto de nacionalização teve impacto negativo no balanço, de "algo entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões". "Nossa margem na Bolívia hoje garante o pagamento das contas, mas desmotiva qualquer investimento novo", afirmou.