Título: Alckmin vê 'jogo sujo e campanha do medo' no PT
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2006, Nacional, p. A7

Candidato do PSDB diz que Lula usa os programas sociais como moeda de troca para conquistar votos

Cida Fontes, ENVIADA ESPECIAL, JOÃO PESSOA

O candidato tucano ao Planalto, Geraldo Alckmin, acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de comandar uma 'campanha do medo' e usar programas sociais como moeda para conquistar votos. 'Como não tem muito o que mostrar, Lula fica nesta campanha de criar medo. É uma campanha de boatos, fofocas, mentiras, tudo para enganar o eleitor', disse o candidato do PSDB, durante caminhada pelo centro da capital da Paraíba.

Para Alckmin, a estratégia de Lula de espalhar boatos - sobre venda de bancos oficiais e da Petrobrás - é sinal de desespero, tem como objetivo provocar medo e insegurança na população e mostra que o adversário não tem proposta para o País. 'É um absurdo este jogo sujo, a mentirobrás, os boatos ininterruptos', afirmou, enfatizando que seu adversário criou uma 'central de mentiras'. 'É a campanha do medo.'

Alckmin rebateu também os constantes ataques de Lula às privatizações feitas durante o governo Fernando Henrique, dizendo que elas tiveram resultados positivos. E desafiou o petista: 'Se a privatização foi tão errada, por que não reestatizaram? Eles tiveram quatro anos para isso.' E lembrou que, no caso da transmissão de energia, o governo do PT deu continuidade ao processo de concessão à iniciativa privada para novos projetos.

Segundo o tucano, 'o fato é que Lula não tem uma mensagem nova, de esperança'. 'Eu tenho alertado a população e fico triste, pois a mentira é uma má conselheira. Não se faz nada alicerçado em cima de mentira. Isso não dá certo.' Em pleno reduto eleitoral de Lula, o tucano fez questão de reforçar que vai manter e ampliar o Bolsa Família.

Na Paraíba, onde o governador tucano Cássio Cunha Lima disputa com o peemedebista José Maranhão, Alckmin recebeu 27,8% dos votos no primeiro turno, ante os 65,3% de Lula. No discurso, voltou a insistir que não vai privatizar estatais, demitir funcionários públicos e congelar salários, ao procurar desmentir os boatos espalhados pelo seu adversário.

O candidato afirmou que a campanha de Lula partiu para ataques pessoais. Em boletim divulgado na internet no dia anterior,o PT destacou o fato de a filha de Alckmin, Sophia, ter trabalhado na loja Daslu, acusada de contrabando, e citou Lu Alckmin, por ter recebido '400 vestidinhos chiques'.

Alckmin considerou as notas 'injustas' e disse que não aceita o pedido de desculpas. Fez questão de ressaltar, ainda, que não pretende envolver a família de Lula na campanha. 'Não vou entrar nessa linha. Eu trato daquilo que tem relação com o interesse público.'

AEROLULA

Mais tarde, o candidato tucano fez caminhada pelo calçadão do centro de Maceió, acompanhado do governador eleito Teotônio Vilela (PSDB) e do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), e participou da inauguração de um comitê. Lá, prometeu construir um hospital na cidade com o dinheiro da venda do avião presidencial. A promessa havia sido feita domingo, no debate da TV Bandeirantes.

'Quero dizer do meu compromisso, até como médico, com a saúde dos brasileiros. Um dos cinco hospitais que nós pretendemos fazer no País será em Maceió, para melhorar a qualidade do atendimento do SUS', frisou.

Em visita ao comércio, Alckmin falou que vai manter o Bolsa Família e negou pertencer a uma elite. 'Sou filho de funcionário público e trabalho desde os 18 anos', afirmou. Voltou a dizer, também, que não vai privatizar bancos nem acabar com projetos sociais.

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COLABOROU RICARDO RODRIGUES