Título: Grupo do dossiê Vedoin fez contato com instituições e órgãos públicos
Autor: Nelson Francisco
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2006, Nacional, p. A8

Vínculo de entidades, possivelmente da área federal, foi descoberto pela PF com quebra de sigilo de 150 telefones

O rastreamento telefônico que a Polícia Federal está realizando no inquérito sobre o dossiê contra políticos tucanos mostra que pelo menos dez instituições e órgãos públicos e o PT receberam ligações do grupo envolvido na trama. Segundo a PF, até o momento, o exame das informações obtidas com a quebra de sigilo telefônico constatou que 'envolvidos na compra do dossiê também fizeram contato com órgãos públicos'.

O vínculo de entidades, possivelmente na esfera federal, foi descoberto com base na quebra do sigilo telefônico de 150 números, fixos e móveis. Os contatos feitos ou recebidos por meio desses telefones no período de 15 de agosto a 15 de setembro estão sendo analisados pelos técnicos da PF.

Nos telefonemas, os interlocutores comentam sobre a compra da documentação contra políticos tucanos. Ontem, a PF pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico de mais cem pessoas, informou o delegado Diógenes Curado, que conduz as investigações, sem citar nomes. Ao todo, já são 750 pedidos de quebra de sigilo telefônico para rastrear a origem do R$ 1,75 milhão apreendido em 15 de setembro, no Hotel Ibis, em São Paulo. O dinheiro, em dólares e reais, estava com Gedimar Passos e Valdebran Padilha. A PF diz que pretende esclarecer o escândalo do dossiê antes do segundo turno das eleições.

Novas diligências serão feitas em casas de câmbio, bingos e casas lotéricas em São Paulo. Na segunda-feira, o empresário Abel Pereira deverá depor, às 9 horas, em Cuiabá. Na terça, a PF confirmou o depoimento do presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini.

A PF acredita que Abel e Berzoini possam dar informações relevantes para o inquérito. Abel teria ligações com a Planam, empresa que era o carro-chefe do esquema das ambulâncias superfaturadas.