Título: Argentina fará primeira emissão externa pós-calote
Autor: Marina Guimarães
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2006, Economia, p. B6

Governo da Província de Buenos Aires pretende levantar até US$ 300 milhões no início de novembro

O Governo da Província de Buenos Aires será protagonista da primeira emissão de títulos públicos com legislação internacional nos mercados após a reestruturação da dívida externa da Argentina, concluída em março de 2005. A confirmação é do porta-voz do Ministério de Economia da Província, órgão similar a uma Secretaria de Finanças Estadual no Brasil, Enrique Velázquez. 'A expectativa do ministro (secretário) Gerardo Otero é muito boa porque já sondamos os mercados e temos a informação de que podemos colocar até US$ 300 milhões sem nenhum problema', afirmou Velázquez ao Estado.

Ele confirmou que Otero viajará na próxima segunda-feira para dar início ao road show de lançamento do novo bônus internacional por um montante de US$ 200 milhões, que podem chegar a US$ 300 milhões numa fase posterior. O road show será feito nos Estados Unidos (Nova York) e na Europa (Londres). Conforme o interesse dos investidores, a apresentação poderá ser feita também em Boston, São Francisco, Zurique e Frankfurt.

O título será denominado em dólares, com prazo de 12 anos, pagamento de juros semestrais e amortização no vencimento em 2018. A expectativa da equipe de Otero é conseguir uma taxa anual em torno de 9% , 'sem problemas, dado o grande interesse por parte dos investidores', afirmou Velázquez.

Buenos Aires é a maior província da Argentina e cresceu a um ritmo anual de 9% nos últimos quatro anos. Ele lembrou que o título de Buenos Aires já recebeu a nota B+ pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P).

É a mesma dada aos títulos do governo federal, mas o presidente Néstor Kirchner ainda não se animou a emitir títulos nos mercados internacionais depois do default de 2002 e posterior reestruturação, por temor aos embargos dos ativos por parte dos credores que não entraram no swap da dívida externa.

'É claro que o governo nacional, se decidisse emitir novos papéis no mercado internacional, corre risco enorme de sofrer embargos porque restam cerca de US$ 24 bilhões em mãos de credores que não aceitaram a proposta oficial', compara o analista Santiago López Alfaro, da consultoria Delphos Investments. A emissão deve ocorrer no início de novembro.