Título: Oposição pede ação da Justiça Eleitoral
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Nacional, p. A4

Campanha de Alckmin quer que TSE chame Bastos para explicações

O comando da campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência partiu ontem para uma nova ofensiva contra o presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, no escândalo do dossiê contra tucanos. O PSDB, o PFL e o PPS resolveram agir em três frentes: no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o pedido de convocação do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, para explicar sua participação no suposto acerto para isentar Freud Godoy, ex-segurança de Lula, na compra do dossiê; na Polícia Federal (PF), para impedir que a instituição seja usada politicamente; e na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para acompanhar as investigações sobre o escândalo.

'Queremos que o TSE convoque todos os envolvidos no caso do dossiê: desde o delegado, passando pelo carcereiro, até o ministro da Justiça', resumiu ontem o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). 'É preciso apurar o envolvimento do ministro da Justiça, que estaria servindo como intermediário e articulando todas as artimanhas para blindar o Freud Godoy', completou o tucano. Em sua avaliação, o episódio é 'uma nova versão do caso do caseiro'. Há cerca de seis meses, o caseiro Francenildo Santos teve seu sigilo bancário quebrado ilegalmente, a pedido do então ministro Antonio Palocci.

Segundo a revista Veja desta semana, o ministro Marcio Thomaz Bastos teria atuado para blindar o presidente Lula no escândalo do dossiê ao interferir para que Freud Godoy fosse inocentado das acusações de que seria o mandante da compra dos documentos contra os tucanos. De acordo com a revista, o ministro teria facilitado o encontro entre Gedimar Passos, José Carlos Espinoza e Freud, todos envolvidos na compra do dossiê. 'A Polícia Federal não pode ser transformada em polícia política do governo Lula. Vamos reagir a isso com todas as forças da democracia para que a Polícia Federal não siga o caminha fascista que segue hoje', afirmou Tasso Jereissati.

Ele e os presidentes do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do PPS, deputado Roberto Freire (PE), pretendem ir hoje à PF para deixar claro ao seu superintendente, Paulo Lacerda, que não vão admitir 'o uso político' da instituição. Os três presidentes também vão à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para pedir a participação da instituição nas investigações sobre o dossiegate. 'Não existe mais credibilidade para o Ministério da Justiça levar sozinho as investigações. A OAB tem de participar', disse o presidente do PSDB.

Além dessa ofensiva, os três partidos também vão pedir ao TSE que o governo federal seja investigado por abuso de poder econômico. Na semana passada, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), anunciou seu apoio à reeleição de Lula, depois que o governo liberou R$ 1 bilhão para o seu Estado. 'Foi uma operação de compra e venda do voto de um governador de Estado. Isso é um grande mensalão. É o megamensalão do governador Blairo', disse Freire, que aguarda o pedido formal de desligamento de Blairo do PPS.