Título: Alckmin acusa Lula de usar estratégia do medo
Autor: Ana Paula Scinocca, Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Nacional, p. A7

Ele diz que não vai acabar com o Bolsa-Família e critica 'passos de tartaruga' na investigação do dossiê

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de promover o 'discurso do medo' - especialmente quando se trata do Bolsa-Família - na tentativa de conseguir a manutenção do mandato. 'A campanha inteira deles (petistas) é sobre o medo', disse Alckmin. 'Só dizem 'o adversário poderá tirar'. Eu não vou tirar.'

Depois de participar de gravação para o horário eleitoral gratuito em São Paulo, Alckmin reiterou que não apenas vai manter o Bolsa-Família, como pretende ampliá-lo. E insistiu que o País precisa mudar a receita para crescer. 'Além do Bolsa-Família, minha prioridade é o emprego. Esse é o desafiou brasileiro.'

Em 2002, quando disputou o Palácio do Planalto com o candidato tucano José Serra, Lula se dizia vítima da 'política do medo' praticada pelo PSDB. Um dos motes petistas, à época, era que 'a esperança (representada por Lula) tinha de vencer o medo (referência aos tucanos)'.

Depois de 31 dias da prisão de petistas com R$ 1,75 milhão para compra de dossiê contra tucanos, Alckmin voltou a cobrar explicações sobre a origem do dinheiro e disse que as investigações caminham 'a passos de tartaruga'. 'Já comemorou o primeiro aniversário (de um mês) e ninguém diz; o Lula não explica de onde vem o dinheiro. Estão escondendo. Não tem nenhum governo que se sustente sobre a mentira', disse.

Alckmin também defendeu que as investigações sobre o dossiê Vedoin tenham o monitoramento da OAB, seguindo proposta do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). O acompanhamento, segundo ele, 'é uma segurança para a sociedade'. O ex-governador paulista desconsiderou ainda as afirmações do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que avaliou que ética já é uma discussão exaurida na campanha. 'Ética é questão substantiva, programática, não é secundária.' Em seguida, desqualificou Tarso. 'Não vou discutir com ministro. Deixa o Lula falar que eu respondo.'

À noite, em São Luís, Alckmin criticou Lula por, segundo ele, trocar o 'apoio à luta popular pela parceria com as oligarquias'. Ele não citou nomes, mas deixou claro que se referia à aliança de Lula com o clã Sarney, que há 40 anos comanda o Estado.

Para Alckmin, essa união é prova de que Lula está comprometido com o passado e que mantém 'a visão errada de tomar o poder para si e para seu grupo'. A política, disse o tucano, 'é serviço'.