Título: Maioria do PSOL dá apoio informal ao presidente
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Nacional, p. A9

O PSOL deve manter a decisão de não declarar apoio formal a nenhum dos dois candidatos à Presidência. 'Nossa decisão não vai mudar', disse ao Estado a senadora Heloísa Helena (AL), terceira colocada no primeiro turno. 'Eu seria farsante e vigarista se, depois da campanha que fiz sozinha por todo o Brasil, conversando e ouvindo as pessoas, apoiasse qualquer um dos dois.'

Informalmente, porém, a maioria do partido se alinha com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora considerem intoleráveis os escândalos de corrupção e repudiem sua política econômica, setores do PSOL preferem Lula no poder a uma eventual ascensão de Geraldo Alckmin (PSDB). Em outras palavras, vão votar no candidato que consideram menos ruim.

Segundo o deputado federal reeleito Ivan Valente (SP), entre os motivos que levam parte da sigla a apoiar informalmente Lula estão as pressões de movimentos como o dos sem-terra. 'Eles temem o aumento da repressão, no caso da vitória de Alckmin.' Outros temores seriam retomada das privatizações, autonomia ao Banco Central e mudança na política externa. Para Chico Alencar, do Rio, também reeleito, há identificação histórica entre PT e setores mais à esquerda do PSOL.

No debate fica claro o distanciamento de Heloísa de outros parlamentares do PSOL. Ela reafirmou ontem que simpatizantes são livres e com capacidade para fazer a melhor opção. Ao mesmo tempo, repudiou o apoio a Lula. 'Dizer que ele é menos ruim que Alckmin é puro besteirol.' Para ela, a gestão Lula deu continuidade à política econômica de Fernando Henrique Cardoso.

O candidato derrotado ao governo de São Paulo pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, vem tentando aprofundar o debate, sugerindo a apresentação de propostas ao petista. 'Poderíamos apoiar Lula se ele se comprometesse publicamente com os movimentos sociais e deixasse claro que no segundo turno manobraria o governo para esquerda.'

O propósito real de Plínio é mostrar suas limitações em relação à esquerda. Na semana passada, durante debate, ele disse que, ao contrário do que pregam setores do PT, a derrota de Lula não significaria o fracasso da esquerda. 'O que é pior?', perguntou ele à filósofa Marilena Chaui e ao sociólogo Chico de Oliveira, que estavam ao seu lado. 'Perder a eleição para Alckmin ou enganar o povo, dizendo que Lula faz um governo socialista?'