Título: PDT neutro libera voto dos militantes
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Nacional, p. A9

Candidatos nos Estados podem tomar posição, mas cúpula da legenda e Cristovam não

O PDT decidiu ontem liberar os militantes e não apoiar oficialmente nenhum dos dois candidatos à Presidência. Depois de mais de duas horas de debates, 128 dos 177 delegados do Diretório Nacional seguiram a proposta da Executiva do partido e votaram a favor da independência. Só o candidato derrotado à Presidência, senador Cristovam Buarque (DF), o presidente nacional, Carlos Lupi, e o secretário-geral, Manoel Dias, não podem manifestar apoio ou dizer em quem vão votar.

'Eu vou respeitar a decisão do diretório do meu partido, que por ampla maioria tomou essa decisão', repetiu Cristovam, mesmo diante da insistência dos jornalistas para que declarasse em quem vai votar. 'Não estou em cima do muro. Estou proibido de dizer de que lado do muro eu estou. Esse não é assunto para jornal, é para livro de história', desconversou.

O ex-governador do Rio Grande do Sul Alceu Colares, um dos mais ferrenhos defensores da neutralidade, desconsiderou as cartas que o partido recebeu com promessas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB): 'Candidato, nessa condição, assina até a pena de morte dele', ironizou. 'O trabalhismo tem de ser totalmente independente. O PDT, para crescer e ser opção ao neoliberalismo, tem de ser um partido diferente.'

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que foi ministro de Lula, falou como líder da bancada na Câmara e também defendeu a neutralidade ao explicitar que os deputados eleitos estavam divididos. Lupi classificou a decisão como democrática e admitiu que a neutralidade deixa os candidatos do PDT mais confortáveis no segundo turno das eleições estaduais. No Maranhão, o pedetista Jackson Lago apóia Lula. No Paraná, Osmar Dias ficou com Alckmin.

O deputado eleito pelo PDT paulista Paulo Pereira da Silva, que pregava apoio a Alckmin, disse ter ficado satisfeito. Acrescentou que defenderá o tucano num encontro da Força Sindical amanhã em São Paulo.