Título: Grupo caingangue invade usina e faz reféns no Paraná
Autor: João Naves
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Nacioanl, p. A15

Índios cobram definição rápida em processo de indenização por danos ambientais

, CURITIBA

Um grupo de índios da tribo caingangue, de Tamarana, a 340 quilômetros de Curitiba, no norte do Paraná, invadiu no domingo à tarde a Usina Hidrelétrica de Apucaraninha, da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Os dois funcionários que mantêm a usina funcionando foram impedidos de sair.

Os índios querem uma definição rápida sobre a indenização por danos ambientais que cobram da Copel. A produção de energia não foi interrompida e uma reunião no Ministério Público Federal, hoje, em Londrina, pode encerrar o protesto.

A questão envolvendo os índios e a Copel é antiga, assim como a usina, construída em 1949, dentro da reserva indígena. A empresa foi criada em 1954 e, posteriormente, a hidrelétrica de Apucaraninha acabou incorporada ao patrimônio.

A luta histórica dos índios ganhou mais projeção no final de 2001, quando o Ministério Público Federal credenciou-se como mediador no conflito. A Copel concorda com a necessidade de um mecanismo de compensação pelo uso dos recursos naturais: contratou uma consultoria para estabelecer o valor.

O resultado do estudo e valores levantados por outras consultorias estão com o Ministério Público Federal, em Brasília, que ficou de dar um parecer. 'A Copel aguarda para que qualquer acordo possa ser legitimado', informou a empresa, via assessoria de imprensa.

SEM PROCESSO

O cacique da tribo caingangue, Juscelino de Oliveira, cobra um acordo rápido, para atender às pressões da comunidade. A Usina Hidrelétrica de Apucaraninha tem potência instalada de 9,5 megawatts, suficiente para atender 30 mil pessoas.

A Copel não entrou com pedido de reintegração de posse da usina, que já sofreu outras invasões, quando o impasse foi resolvido pacificamente.

Pelas informações da empresa, os funcionários não corriam risco, apesar de estarem impedidos de deixar o local. O procurador do meio ambiente em Londrina, João Akira Omoto, estava ontem em São Paulo, mas disse que retornará hoje para fazer uma reunião e mediar novamente a paz entre os índios e a empresa paranaense.