Título: Governo dá R$ 1 bi para soja e nega uso eleitoral
Autor: Márcia de Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Márcia De Chiara, p. B6

Liberação veio depois do apoio do governador reeleito de MT e maior produtor, Blairo Maggi

Gustavo Porto

O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, anunciou ontem a liberação de R$ 1 bilhão para a comercialização da soja. Após o anúncio, o ministro negou que a promessa de liberação de R$ 3 bilhões do governo federal ao agronegócio, ocorrida juntamente com o apoio do governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha sido usada como moeda de troca. O governador mato-grossense é o maior produtor de soja do mundo.

'Qualquer apoio que seja feito, não ao governo, mas ao candidato-presidente Lula, acredito que seja bem-vindo e eu suponho que ele (Lula) agradece o apoio que recebe de qualquer setor', disse Guedes. 'A demanda do governador Maggi é muito anterior e o próprio governo federal já havia liberado R$ 1 bilhão para a soja há vários meses e já havia a previsão no orçamento de mais R$ 1 bilhão', afirmou o ministro, que participou na manhã de ontem da abertura da 9ª Conferência Internacional de Proteção de Produtos Armazenados, em Campinas, interior de São Paulo.

ÁLCOOL

O aumento da mistura do álcool anidro à gasolina reivindicado pelos produtores de cana-de-açúcar também foi comentado pelo ministro. Segundo Guedes, a mistura, que hoje é de 20%, 'dificilmente' voltará aos 25% em 1º de novembro, como querem os usineiros.

Segundo o ministro, o governo ainda avalia a proposta feita pelo setor sucroalcooleiro na última semana. O setor garantiria o abastecimento durante a entressafra de cana-de-açúcar - entre dezembro de 2006 e abril de 2007 - suficiente para manter a mistura.

Outro fator, de acordo com Guedes, é o prazo de 20 a 30 dias que a Petrobrás precisa para reorganizar o processo de refino e de logística para o aumento de 5 pontos porcentuais na mistura do álcool anidro à gasolina.

Além disso, o governo sequer marcou ainda a reunião do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), responsável pela decisão final sobre aumento ou redução na mistura. 'Então a demanda do setor para 1º de novembro é muito difícil de ser atendida.'

O ministro negou que tenha sido preterido pelos usineiros, que procuraram a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para solicitar um novo aumento na mistura. 'Eu participei da reunião com a ministra e antes dela eu me reuni com o setor no Ministério da Agricultura', disse Guedes. 'Além disso, a ministra Dilma já foi de Minas e Energia e tem participação fundamental para a política de agroenergia do governo federal.'