Título: Petroleiras não investiram, diz governo boliviano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2006, Economia, p. B8

Petrobrás, Total e Repsol deixaram de aplicar US$ 1,3 bilhão em poços

As companhias petroleiras Repsol-YPF (hispano-argentina), Petrobrás e Total (francesa) descumpriram o acordo de investimento prometido ao Estado boliviano, informou ontem o Ministério de Hidrocarbonetos da Bolívia, após saírem os primeiros relatórios das auditorias nessas empresas.

Segundo informe preliminar das auditorias contratadas para apurar a situação das companhias, a Repsol-YPF deixou de perfurar 32 poços de exploração e Petrobrás e TotalFinaElf, outros 23, equivalente a US$ 1,3 bilhão em investimento.

Os dados foram apresentados pelo vice-ministro de Exploração e Produção, Guillermo Aruquipa, e o diretor de Fiscalização da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Eduardo Alarcón.

Segundo o governo, o investimento não realizado pelas transnacionais se amparou num decreto do ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), que autorizou a devolução de parte das áreas concedidas às companhias petroleiras para exploração de forma irregular, o que teria causado, segundo o governo, prejuízos ao Estado.

Atualmente, as petroleiras negociam com o governo mudanças nos contratos de exploração e produção de gás e petróleo fechados na metade da década de 90, quando o país privatizou parcialmente as empresas públicas. Alarcón explicou que Quiroga, atual líder do partido de oposição Poder Democrático e Social, determinou uma regra que tornou vulnerável a Lei de Hidrocarbonetos, que foi aproveitada pelas petroleiras para o não cumprimento dos investimentos em exploração.

'O maior número de casos revisados até agora foi da Repsol, que devolveu concessões onde está a jazida de Margarita e deixou, assim, de investir em 32 poços', informou Alarcón. Aruquipa disse que o caso da Repsol 'é escandaloso'.