Título: Se nada mudar, o Brasil não cresce muito mais de 3%
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2006, Economia, p. B7

O presidente mundial da gigante do alumínio Alcoa, Alain Belda, avalia que o Brasil precisa crescer e travar o avanço dos gastos. Com o cenário atual, ele acredita que o crescimento do País pode permanecer na casa dos 3%. Ainda assim, a empresa está investindo US$ 2 bilhões em projetos voltados basicamente para exportações .

¿Estamos com vários investimentos aqui, na área de energia, o projeto de bauxita no Pará, a expansão da fábrica de São Luiz do Maranhão. São projetos em andamento, voltados para exportação¿, comenta Belda, que na sexta-feira participou do Wharton Forum Alumini Global, no Rio.

Fundada em 1888, nos Estados Unidos, a Alcoa tem 129 mil funcionários em 43 países e fatura ao redor de US$ 26,2 bilhões no mundo. No Brasil, a receita líquida é de R$ 2,2 bilhões.

Belda explica que os investimentos da companhia não são afetados pelo câmbio atual, porque são de longo prazo.

¿Nossos projetos são de 50 anos. Quer dizer, o fato de que o câmbio esteja forte ou fraco nesse momento não interessa nesse caso, porque isso passa¿, afirmou. ¿O câmbio brasileiro acaba sempre se ajustando a uma realidade. Da mesma forma como o câmbio americano está se ajustando à realidade¿, comentou o executivo.

Durante o seminário, que comemorou os 125 anos da Wharton School, escola de administração da Universidade da Pensilvânia, foi discutida a situação da economia do País, com a participação do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e de Armínio Fraga, ex-presidente do BC, entre outros.

Entre os temas que foram discutidos estavam o baixo crescimento da economia, comparado a outros países, e os fatores que limitam uma expansão maior do País.

Para Belda, ¿a matemática é simples¿: com 12% de taxa de juros real, o superávit atual e a dívida pública equivalente a 50% do Produto Interno Bruto (PIB), o País consegue crescer apenas 3% ou 3,5%. ¿Você não muda nada, fica onde está¿, afirmou.

Segundo ele há desafios a se enfrentar, como a redução da ¿ineficiência do estado¿ e a elevada carga de impostos, ¿seja pelo travamento no gasto e o crescimento do País, porque acho que redução de gasto, mesmo, é uma tarefa muito difícil política e administrativamente de ser feita¿.

Com o crescimento do País, redução de custos e a formalização da economia, é possível reduzir a carga tributária e permitir ao País crescer mais. Ele também comentou que a taxa de risco país vem caindo, devido principalmente ao excesso de liquidez internacional.