Título: Renan defende formação de uma 'coalizão parlamentar'
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2006, Nacional, p. A4

Um dos chefes do PMDB governista e candidato à reeleição como presidente do Senado na nova legislatura, Renan Calheiros (AL) defendeu ontem a formação no Congresso Nacional de uma 'coalizão parlamentar', inclusive com a oposição, para votar uma agenda de interesse do País que inclua as reformas tributária e política.

A seu lado, um dos principais líderes oposicionistas, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-RJ), retrucou com um sorriso, disse achar a proposta 'perfeita', mas destacou que, para que se realize, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que ceder 'muita coisa', como a aprovação do Orçamento impositivo - que não pode ter verbas retidas pelo Executivo.

ACM encerrou sua entrevista com uma frase irônica. 'Cada um tem que dar um passo; agora, não podemos dar o passo atravessando a rua', declarou, referindo-se à figura de linguagem que simboliza a disposição da oposição para sair do Congresso e conversar com o presidente no Palácio do Planalto.

Renan e ACM estiveram ontem no Tribunal de Contas do Município do Rio, em solenidade para receber o Colar do Mérito Ministro Victor Nunes Leal.

Foi no discurso que fez em nome dos homenageados que Renan lançou sua proposição, destacando a responsabilidade de Lula no processo. 'Cabe, agora, ao presidente reeleito estimular os debates e a votação das mudanças', discursou. 'Cabe também ao presidente construir uma nova relação - institucional - com os partidos, mesmo os de oposição. E criar condições para a governabilidade, pré-requisito da estabilidade política e econômica.'

Após a solenidade, o presidente do Senado afirmou que fará tudo o que puder pela coalizão parlamentar. 'Conversando com as lideranças, para ver se podemos avançar, não com relação a uma coalizão de governo, mas com relação a uma coalizão parlamentar de interesse do País', afirmou o senador. Além das reformas política e tributária, Renan defendeu a conclusão da reforma do Judiciário e a aprovação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) como parte da agenda.

RESISTÊNCIA

Depois de elogiar a proposta, Antonio Carlos Magalhães afirmou julgar que as conversar devem começar pela Câmara e pelo Senado e só depois serem levadas ao governo. 'O Planalto até pode, através de seus líderes, tomar a iniciativa, mas não podemos dar um crédito aberto ao governo sem saber o que ele vai propor', disse.

'Defendo uma agenda em que o governo ceda muita coisa que não está cedendo agora, como Orçamento impositivo, medidas provisórias e outras coisas importantes, sem as quais a democracia não funciona.' Para ACM, a iniciativa tem que ser combinada com os líderes do governo no Congresso.