Título: Primeiro teste no Congresso será hoje
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2006, Nacional, p. A4

O presidente Lula poderá testar hoje a eficácia de sua base de apoio pós-reeleição na Câmara, com a votação da medida provisória que reajusta em 5,01% as aposentadorias acima de um salário mínimo pagas pela Previdência Social. O PFL vai defender um índice maior, de 16,67%. A MP dos aposentados é o terceiro item da pauta da sessão de hoje do plenário da Câmara.

A votação já deverá refletir as negociações do presidente na composição de seu ministério e a expectativa é que o bloco governista aprove a MP sem a alteração proposta pela oposição - uma demonstração de lealdade que aumentaria o cacife dos aliados na partilha do poder. 'Cada partido da base vai querer ocupar seu espaço', avaliou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ao afirmar que manterá a sua proposta de elevar o índice de reajuste.

Mesmo assim, para evitar surpresas, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vai reunir os líderes dos partidos aliados pouco antes da sessão. Alguns deles esperam que Lula faça - ainda antes da votação - algum aceno quanto ao espaço que terão as legendas.

Apesar de a temporada de divisão de poder ter sido aberta, o líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), prefere evitar o assunto. 'O momento é de compor e não de botar os votos na mesa para medir o tamanho de cada um', afirmou. Fontana disse que vai tentar convencer o PFL a retirar a proposta dos 16,67%, para que não haja disputa no plenário. 'Espero sensibilizar o PFL. Para que transformar uma semana produtiva, na qual poderemos dar uma resposta à sociedade, em uma disputa para fazer uma divisão artificial do plenário?', argumentou o petista.

Com ajuda dos deputados da base, em 7 de junho a Câmara aprovou reajuste de 16,67% para todos os benefícios da Previdência Social, aproveitando a votação da medida provisória que reajustou o salário mínimo. A derrota do governo - 274 votos a favor, 5 contrários e 15 abstenções - obrigou o presidente Lula a vetar o índice. Na época, faltavam menos de quatro meses para a eleição e os parlamentares temiam perder votos se não fossem a favor do reajuste maior. Agora, sem pressão eleitoral, o índice de 5,01% volta a ter força.

Depois de conseguir liberar a pauta com 10 MPs, os deputados devem votar a emenda constitucional que cria o Fundeb e a que acaba com o voto secreto nas deliberações do Congresso.