Título: Pesquisas: republicanos avançam
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/11/2006, Internacional, p. A11

Em meio às dificuldades do governo com a condução da guerra do Iraque, às dúvidas sobre a eficácia da guerra ao terror e à divisão da população quando à administração da economia, milhões de americanos vão às urnas hoje para eleger todos os 435 membros da Câmara dos Representantes, 33 dos 100 senadores e 36 governadores. Em vários Estados, os eleitores serão chamados a opinar também sobre temas locais que vão da aprovação do casamento gay à regulamentação sobre a área mínima para o confinamento de porcas grávidas (no Arizona).

A queda da vantagem dos democratas em pesquisas divulgadas no fim de semana animou os republicanos, que intensificaram ontem sua operação 'garanta o voto'. Ameaçados de perder o controle da Câmara e do Senado, eles apostaram numa operação de guerra nas 72 horas anteriores à votação para garantir o comparecimentos de seus eleitores fiéis.

Uma pesquisa da Pew Research mostrou que, em duas semanas, a intenção de voto nos candidatos democratas caiu de 50% para 47%. Já a intenção de voto nos republicanos subiu de 39% para 43%. Segundo outro levantamento, do Gallup/USA Today, a vantagem democrata encolheu 6 pontos porcentuais no período. E uma pesquisa ABC/Washington Post confirmou a tendência, apontando redução de 13 para 6 pontos na preferência pelos democratas.

Motivados, milhares de voluntários republicanos estão nas ruas, ao telefone ou distribuindo folhetos para garantir o comparecimento dos eleitores. A taxa pode fazer a diferença. Nas últimas eleições legislativas de meio de mandato, de 2002, apenas 42,3% dos eleitores registrados compareceram às urnas. Nas eleições presidenciais de 2004, o comparecimento foi de 58,3%. Menos eleitores votam quando a presidência não está em jogo.

Historicamente, os republicanos fazem um esforço pré-eleitoral mais eficiente. Em 2002 e 2004, eles dominaram a campanha de última hora. A mobilização se baseia no marketing idealizado em 2000 por Karl Rove, principal estrategista republicano. Com ajuda de softwares sofisticados e pesquisas de hábitos de consumo, os republicanos desenvolvem campanhas sob medida para cada segmento de eleitores. A base de dados do partido, chamada de 'caixa-forte dos eleitores', classifica os votantes que devem ser contatados - nas categorias 'conservadores fiscais', 'conservadores sociais' ou 'democratas light'. Os republicanos investiram US$ 15 milhões para atualizar essa base de dados neste ano.

O deputado republicano Clay Shaw Jr., da Flórida, aposta nesse marketing para manter o cargo. Eleitores judeus receberam de Shaw panfletos sobre a guerra de Israel contra o Hezbollah. Para hispânicos, ele preparou propagandas de rádio sobre Fidel Castro. E idosos receberam ligações gravadas do cantor Pat Boone, de 71 anos, sobre aposentadoria.

O presidente George W. Bush também entrou no esforço republicano, percorrendo dez Estados em três dias. Mas ontem o candidato ao governo da Flórida, Charlie Crist, preferiu participar de um comício em Palm Beach a reunir-se com Bush num evento em Pensacola, para irritação da Casa Branca.