Título: Decisão só no 2º turno
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2006, Especial, p. H1

O eleitorado brasileiro decidiu ontem, ao fim de uma votação tranqüila e apuração rápida, mas tensa, que haverá segundo turno nas eleições presidenciais. Contados 90% dos votos, até 22 horas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguia ir além dos 49,2% dos votos - e a contagem nas áreas onde é mais forte já estava praticamente concluída. Um crescimento considerável de seu rival tucano, Geraldo Alckmin, que chegava aos 40,95%, deteve a enorme vantagem que o presidente apresentava nas pesquisas e jogou a decisão para daqui a quatro domingos, no dia 29.

Sem surpresas, o tucano José Serra confirmou a vitória em primeiro turno em São Paulo, com 58,6% do total, contra 31,1% do petista Aloizio Mercadante. Mas surpresas houve - e a maior delas veio da Bahia, onde Jaques Wagner, do PT, ganhou em primeiro turno (53,4% dos votos) contra o favorito, o atual governador Paulo Souto (PFL). Também surpreendeu, no Rio Grande do Sul, a virada da tucana Yeda Crusius (PSDB), que saltou de terceira nas pesquisas para a mais votada (32,9%). Faltava definir se Olívio Dutra (PT) ou o governador Germano Rigotto (PMDB) a enfrentará no segundo turno.

Depois de votar de manhã, em São Bernardo do Campo, o presidente Lula foi para Brasília, onde passou o dia reunido com alguns ministros, entre eles Tarso Genro e Dilma Rousseff. ¿Estamos confiantes, porque o Brasil tem o destino traçado¿, disse ele antes de embarcar em Cumbica. Alckmin votou, acompanhou os candidatos José Serra e, em Belo Horizonte, o governador Aécio Neves, até suas seções eleitorais, e avisou, confiante, que no segundo turno ¿a ética vai vencer a corrupção¿.

Nos Estados, o PMDB garantiu 4 governadores, contra 4 do PT e outros 4 do PSDB. E enquanto o PT já discutia como sair da crise em que afundou com o dossiê Vedoin, o presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, repetiu a advertência já feita nas últimas semanas: que as eleições ¿não são um fato consumado¿. Ou seja, qualquer político, mesmo eleito, poderá ser julgado e punido por erros cometidos no passado.