Título: Escândalo de corrupção leva 4 à prisão no Chile
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2006, Internacional, p. A16

Três ex-funcionários do governo chileno e um líder esportivo foram presos entre ontem e terça-feira por causa de um escândalo de corrupção na subsecretaria de esportes, a ChileDeportes. A presidente chilena, Michelle Bachelet, anunciará hoje um programa contra a corrupção no governo para tentar conter uma das maiores crises entre os partidos da coalizão governista, no poder desde o retorno à democracia em 1990.

Escândalos de suborno, fraudes nas prestações de contas de gastos eleitorais têm vindo à tona nas últimas semanas, causando preocupação entre alguns políticos que não descartam a possibilidade de uma cisão na coalizão Concertação Democrática antes do fim do governo de Bachelet.

'Creio que a Concertação continua tendo plena vigência desde o ponto de vista do projeto político que quer desenvolver e continuo convencida de que é a melhor coalizão para garantir um país moderno', disse a presidente socialista, reagindo aos rumores sobre o possível fim da coalizão.

A Concertação surgiu no final da década de 80 para depor a ditadura do general Augusto Pinochet e é integrada pelo Partido Socialista, o Partido Pela Democracia, o Partido Radical Social-Democrata e a Democracia Cristã, a ala mais de centro e conservadora da coalizão. Ao contrário dos três anteriores governos da Concertação, Bachelet conta pela primeira vez com a maioria no Senado e na Câmara de Deputados.

O caso de corrupção de ChileDeportes consistiu no desvio de fundos no valor de US$ 754 mil para projetos esportivos inexistentes. Aparentemente, o dinheiro desviado foi usado no financiamento de campanhas parlamentares de 2005. Parte do dinheiro foi entregue à Publicam, uma empresa fictícia que aparece vinculada à campanha do senador Guido Girardi, do Partido Pela Democracia, integrante da Concertação. A Câmara criou uma comissão para investigar o caso.

Funcionários do governo rejeitaram ontem um aumento salarial de 5,2%, retomando o segundo dia de greve. A paralisação foi convocada pela Associação Nacional de Funcionários Fiscais, com 76 mil membros, que pede aumento de 10% e contrato formal para milhões de trabalhadores.