Título: País precisará de mais quatro usinas nucleares, diz EPE
Autor: Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2006, Economia, p. B10

Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que, além da usina nuclear de Angra 3 - cuja retomada das obras ainda não foi autorizada pelo governo -, o Brasil deverá ter mais quatro usinas nucleares em seu parque energético entre 2015 e 2030, cada uma com capacidade para gerar 1 mil megawatts (MW).

A projeção, apresentada ontem pelo presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, faz parte dos estudos preliminares que embasarão o Plano Nacional de Energia 2030, a ser apresentado pelo Ministério de Minas e Energia até o fim do ano.

Segundo o estudo de Tolmasquim, duas dessas quatro novas usinas nucleares seriam instaladas na Região Nordeste, 'que é uma região que tem menos opções para geração de energia', e as outras duas ficariam no Sudeste, o maior centro consumidor do País.

Atualmente, as duas usinas nucleares em operação no País, Angra 1 e 2, têm potência instalada de 2 mil MW. Segundo o estudo de Tolmasquim, em 2015 o parque nuclear passaria a ter 3,3 mil MW, com a entrada em operação de Angra 3. Com as outras quatro usinas sugeridas pelo estudo, a capacidade de geração de energia nuclear somaria 7,3 mil MW em 2030.

Esse cenário traçado por Tolmasquim considera uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 4,1% ao ano até 2030 e um crescimento da demanda por energia de 3,5% ao ano.

REFINO

O estudo indica ainda que, até 2030, o Brasil precisará de mais cinco refinarias para manter a capacidade nacional de refino acima do nível da produção de petróleo. A estimativa não inclui as duas novas unidades já programadas pela Petrobrás (Itaboraí e Refinaria do Nordeste). Segundo Tolmasquim, a primeira refinaria teria de entrar em operação por volta do ano de 2015, com capacidade para processar 250 mil barris de óleo por dia. Depois disso, até 2030, as outras quatro devem entrar em funcionamento.

Tolmasquim disse também que, caso não ocorram novas descobertas de petróleo, o Brasil pode, em tese, voltar a ter de importar o produto a partir de 2020. Estudo apresentado por ele mostra que, considerando-se as reservas conhecidas, o consumo interno e a produção de petróleo se igualariam em 2020, na casa dos 3 milhões de barris por dia. Ou seja, o País deixaria de produzir mais do que consome.Técnicos da EPE salientaram, porém, que a necessidade de importação a partir de 2020 pode ser evitada, dependendo da política de estocagem que se desenvolva até lá.

Outra previsão feita pela EPE dá conta de que a participação das usinas hidrelétricas na geração de energia elétrica do País deverá recuar de 75% para 70% em 2030, enquanto as termelétricas (movidas a gás e carvão, por exemplo) aumentarão sua parcela de 16% para 17%. O estudo afirma ainda que, entre 2015 e 2030, o País poderá agregar ao sistema elétrico 105.650 MW novos, produzidos por diversas fontes.