Título: Petrobrás já estuda reajuste do gás
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2006, Economia, p. B11

A Petrobrás está 'olhando novamente um reajuste' no preço do gás produzido no País, confirmou ontem o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobrás, Almir Barbassa. A declaração foi feita durante debate no 'Fórum de Tendências: Aliança do Brasil'. Pela manhã, o diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, afirmou que o preço do gás boliviano será um teto para os preços do gás nacional.

De acordo com Barbassa, a empresa manteve o preço do gás baixo para estimular o uso do produto no Brasil, já que tinha de pagar por 24 milhões de metros cúbicos de gás boliviano por dia, mesmo que não usasse todo esse volume.

A política deu resultado e o consumo aumentou. 'Agora é o momento de reajustar o preço', afirmou. Segundo Sauer, os novos preços ainda não foram definidos e serão discutidos com as distribuidoras no primeiro semestre do ano que vem.

Depois do período de congelamento, a Petrobrás promoveu um reajuste em setembro do ano passado e outro em março deste ano. Foi então que contou que a empresa está preparando mais um reajuste.

'Temos de manter uma relação do preço do gás com seu substituto imediato e o mercado vai se equilibrar', disse ele, referindo-se ao óleo combustível. Do contrário, argumentou, a demanda pelo gás tenderia a aumentar, já que o preço do produto estaria mais baixo do que a outra opção.

No mesmo evento, promovido pela Tendências Consultoria e pela seguradora Aliança do Brasil, o representante dos investidores privados em energia elétrica Cláudio Sales, do Instituto Acende, disse 'antever uma crise' relacionada ao gás em 2007 e 2008, e particularmente ao aumento do preço do produto. 'Entendo a situação da Petrobrás: se tem contrato (de fornecimento de gás), ela cumpre. Se não tem, seu interesse de empresa tende para a alta de preço (do gás)', afirmou.

Sales prevê que os preços do gás no mercado interno devem ficar então 'mais próximos de US$ 7 por milhão de BTU (unidade térmica britânica por hora) do que de US$ 5 (preço que a Argentina paga pelo gás da Bolívia depois do aumento na revisão de contratos com aquele país)'. De acordo com ele, o aumento dos preços do gás deve ter impacto sobre o preço da energia elétrica e terá algum efeito de contenção do crescimento econômico.

NÚMEROS

24 milhões de m3/dia é o volume de gás que a Petrobrás paga à Bolívia, mesmo que o consumo não seja equivalente

US$ 5 por milhão de BTU é o preço que a Argentina paga pelo gás da Bolívia

US$ 7 por milhão de BTU é o preço previsto para o gás no mercado interno