Título: Presidente decide mudar tudo na chefia da campanha
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Nacional, p. A4

Para o segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu reestruturar o comando de sua campanha, escalando o governador eleito da Bahia, o petista Jaques Wagner, para atuar como uma espécie de homem forte do comitê. O posto de coordenador, porém, ficará formalmente com Marco Aurélio Garcia, ex-assessor especial do Planalto para assuntos internacionais e vice-presidente do PT.

Nos Estados, haverá mudanças significativas, com a escalação de petistas e aliados de mais destaque. Em São Paulo, a chefia ficará a cargo da ex-prefeita Marta Suplicy, que contará com o apoio dos deputados reeleitos Arlindo Chinaglia e José Eduardo Martins Cardozo. No Rio Grande do Sul, vão cuidar dos trabalhos o ex-ministro Miguel Rossetto, que teve bom desempenho na disputa por uma vaga no Senado, mas não se elegeu, e o deputado Beto Albuquerque, reeleito pelo PSB.

A idéia é colocar na linha de frente nomes com mais 'visibilidade', capazes de promover o confronto com os tucanos e seus aliados. Em São Paulo, Marta já vai participar hoje de uma reunião com os parlamentares petistas no Estado. O encontro foi convocado pelo presidente do PT paulista, Paulo Frateschi, que até agora era o encarregado de conduzir a campanha presidencial no Estado. Ele continuará participando da campanha em São Paulo e será responsável pelas atividades partidárias.

Nos últimos dias, a ex-prefeita já se movimentava para assumir a nova função. Ela voou na segunda-feira para Brasília, onde participou de uma reunião do conselho político da campanha presidencial e aproveitou para conversar com Lula.

BLOCO

Na nova função, Marta terá como principal desafio reverter a baixa votação obtida por Lula em São Paulo, o que acabou criando as condições para que a disputa presidencial fosse levada ao segundo turno. Lula teve 33,7% dos votos no Estado, ficando atrás do tucano Geraldo Alckmin, que obteve 54,2%. 'Agora, temos de botar o bloco na rua', explicou o secretário de organização do PT paulista, Luiz Turco.

Enquanto refaz a estrutura de sua campanha, Lula prepara a saída do deputado reeleito Ricardo Berzoini da presidência do PT. Sob cerco do próprio partido e afastado da coordenação da campanha do presidente há duas semanas, por causa do escândalo do dossiê Vedoin, Berzoini poderá deixar a direção da legenda depois do segundo turno, apesar de negar oficialmente a hipótese.

Sem citar nomes, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, admitiu ontem que o PT fará uma 'reciclagem política interna e na sua direção para se colocar num novo patamar'. Tarso não mencionou prazos, mas é praticamente consenso de que haverá um acerto de contas no partido após a eleição.

Um integrante do PT resumiu a situação de Berzoini: 'Existe a lei da gravidade e ele já caiu. Se não for agora, será no mês que vem.' No PT, o que se defende é que haja uma solução para o problema o mais rapidamente possível.