Título: Lula usa ministros para bater em Alckmin e tucanos reagem
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o segundo turno em clima de 'paz e amor', mas seus aliados partiram para o confronto. Ontem o ministro Tarso Genro acusou os tucanos de não terem investigado as denúncias de corrupção contra o governo Fernando Henrique.

Num movimento paralelo, o ministro Guido Mantega classificou de 'desencontradas' as propostas econômicas de Geraldo Alckmin. 'Talvez o mercado goste mais do Alckmin, mas a população gosta do Lula', disse. O tucano João Carlos Meirelles reagiu, acusando o ministro de agir como 'cabo eleitoral' e adotar comportamento incompatível com o cargo que ocupa.

Enquanto ganhava intensidade a disputa retórica, os dois lados se empenhavam em costurar alianças. Alckmin recebeu apoio de uma facção do PMDB representada pela governadora Rosinha e seu marido, Anthony Garotinho, e o presidente do partido, Michel Temer. A adesão abriu crise com o prefeito César Maia (PFL), que coordena a campanha tucana no Rio e é adversário de Garotinho. Lula reforçou a negociação com outras alas do PMDB, recebendo o candidato do partido ao governo de Goiás, Maguito Vilela, e o deputado baiano Geddel Vieira. Hoje, o presidente se reúne com oito aliados que venceram no primeiro turno nos Estados: quatro do PT e quatro de outros partidos. As campanhas fazem suas contas e escolhem alvos: os tucanos apostam em ganhar votos em Minas e Rio; os petistas focam em São Paulo.

A investigação sobre o dossiê Vedoin, fator que favoreceu o segundo turno, proseguiu ontem com o depoimento de Valdebran Padilha, petista preso com R$ 1,75 milhão. Ele confirmou que o dinheiro chegou a suas mãos em mala entregue por Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloízio Mercadante.