Título: PSOL decide não apoiar nenhum dos candidatos
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Nacional, p. A11

A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) anunciou ontem que seu partido não apoiará nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o tucano Geraldo Alckmin no segundo turno. E quem quiser declarar apoio a um deles terá que sair do PSOL. 'É uma decisão coerente e não radical', enfatizou, informando que essa posição da executiva nacional do partido já estava prevista, tanto que foi uma das condições para sua candidatura ao Planalto. Diante disso, aposta que ninguém será punido ou expulso por desobediência partidária. 'Tenho certeza que ninguém será oportunista', previu a senadora.

Heloísa Helena, que teve 6,5 milhões de votos, disse que seria 'uma vigarista' se agora apoiasse Lula ou Alckmin. 'Passei oito anos protestando contra o governo FHC e quatro anos denunciando as gangues partidárias do governo Lula. Como é que agora em dois dias podemos dizer que vamos votar em alguém?', questionou, na tribuna do Senado, depois de receber sucessivos elogios dos colegas pelo desempenho na campanha. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) contou, inclusive, que sua sogra tinha votado na candidata do PSOL.

Os eleitores de Heloísa Helena, segundo ela, são pessoas livres e podem fazer o quiserem nas urnas. 'Eu sou vaqueira para liberar gado? Os meus eleitores são livres, donos da sua alma, do seu coração e do seu voto. Foram capazes de, apesar de todos os obstáculos e turbulências, votar em mim.'

Para se antecipar às críticas, a senadora afirmou que a decisão não significa lavar as mãos ou ficar em cima do muro. 'Nós estamos no chão, no combate, no campo de batalha, fazendo o que temos a obrigação de fazer. Ou seja, dizendo que as duas candidaturas representam o mesmo projeto neoliberal.' Em recado ao PT e ao PSDB, Heloísa Helena disse que não precisam procurá-la em busca de apoio. E fez questão de citar o nome do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).

A senadora iniciou seu discurso emocionada, quase chorando, mas depois voltou ao tom incisivo dos palanques eleitorais. Aproveitou para bater em Lula e mostrar-se frustrada com a ausência do petista nos debate. Mesmo não fazendo um discurso de despedida, Heloísa disse que deixa o Senado de cabeça erguida. Na sua vaga assumirá o ex-presidente Fernando Collor, eleito por Alagoas.

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