Título: Localizados corpos dos pilotos do Boeing
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Metrópole, p. C7

A Aeronáutica localizou ontem a cabine com os corpos dos pilotos do Boeing 737-800 da Gol. Eles estavam amarrados ao banco pelos respectivos cintos de segurança. Os corpos do comandante Decio Chaves Junior e o do co-piloto Thiago Jordão Cruso foram identificados graças ao uniforme. A empresa lamentou a morte dos tripulantes e manifestou solidariedade às famílias.Ontem, mais um helicóptero Super Puma foi deslocado de Brasília para a área do acidente para ajudar na realização dos trabalhos.

O helicóptero chegou às 17h10 de ontem na Fazenda Jarinã, no município de Peixoto de Azevedo (MT), trazendo pendurada uma imensa rede de corda de náilon com 19 corpos de vítimas do acidente. Os corpos, embalados em sacos pretos, foram colocados num caminhão frigorífico a 10 graus centígrados negativos por 20 homens do Corpo de Bombeiros do município de Sinop (MT), que fica a 500 km da fazenda, e militares.

Segundo a Aeronáutica, os corpos passariam a noite no caminhão e não há previsão de quando serão levados para o Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília, onde serão liberados. Hoje, a remoção a procura por mais gente continuam.

O dia amanheceu encoberto na região do acidente, o que obrigou a Aeronáutica a esperar duas horas para dar início à operação de resgate. Às 8 horas, o primeiro helicóptero saiu da fazenda rumo ao local do acidente para levando homens do Para-Sar para ajudar nos trabalhos. O movimento das aeronaves foi intenso - cerca de 50 militares do Para-Sar foram transportados para lá.

A operação consistia, basicamente, em três etapas. Primeiro, os soldados abriram pequenas clareiras na selva - chamadas de picadas - onde foram encontrados os corpos. Se os homens precisassem transportá-los nas costas pela mata fechada, demoraria muito. Depois, às 14 horas, o Super Puma saiu da fazenda com uma rede para transportar os corpos das picadas até a clareira grande, na área onde foram encontradas as asas do avião. Em seguida, o mesmo helicóptero recolheu todos os corpos e trouxe à Jarinã.

Na selva, peritos do IML de Brasília fizeram a primeira etapa da identificação dos corpos. Fotografaram-nos com uma plaquinha para que cada um tivesse um número. Está prevista para hoje cedo a coleta de material para exame de impressões digitais. Também foi recolhido tecido para o exame de DNA, caso seja necessário.