Título: Petróleo no menor preço em 7 meses
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Economia, p. B6

As perspectivas de um aumento nas reservas de combustível nos Estados Unidos provocaram uma forte queda nas cotações do petróleo ontem. Em Nova York, o barril do tipo WTI (leve) ficou abaixo dos US$ 59 pela primeira vez desde fevereiro. O preço dos contratos para novembro caiu US$ 2,35 e fechou a US$ 58,68. Em Londres, o contrato também para novembro do barril do tipo Brent recuou US$ 1,04, para US$ 59,41.

Segundo analistas, por trás dessa queda estão os números que serão divulgados hoje sobre as reservas de combustíveis nos Estados Unidos. Os especialistas prevêem que o relatório semanal do Departamento de Energia refletirá um aumento nas reservas de produtos destilados, incluindo o gasóleo de calefação.Também deve haver aumento nas reservas de gasolina e uma queda nas reservas de petróleo.

Caso as expectativas sejam confirmadas, dizem analistas, o preço do petróleo poderia ficar abaixo de US$ 60 nos próximos pregões e poderia se consolidar a percepção de que a oferta é adequada para atender a qualquer aumento da demanda. O valor dos contratos do petróleo WTI estava acima dos US$ 60 desde 10 de março, quando fechara a US$ 59,96 por barril.

Os reiterados aumentos nas reservas de gasolina e de gasóleo de calefação, junto com a ausência de furacões ameaçando a indústria no Golfo do México, favoreceram a queda dos preços, principalmente desde setembro.

Bill O'Grady, analista da AG Edwards, disse ontem ao canal de televisão de finanças CNBC, que, com os sinais de desaceleração econômica nos EUA - maior consumidor mundial de petróleo - e com uma meteorologia que, ao que tudo indica, será benéfica no restante deste ano, se eliminam dois fatores que tradicionalmente pressionam os preços para cima.

O analista acrescentou que os assuntos principais para os operadores, hoje, são: em qual momento a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aparecerá em apoio de um determinado nível de preços, se os valores do continuarão caindo nos mercados internacionais, e, em particular, a atitude da Arábia Saudita, maior produtor mundial e membro mais influente da entidade.

EXEMPLO

A julgar pelas declarações do presidente da Opep, Edmund Daukoru, não deve demorar muito para que a organização reduza novamente a produção com objetivo de elevar os preços. 'O mercado está ligeiramente super abastecido', afirmou ontem.

Ele disse ainda que a Nigéria - país onde exerce a função de ministro do Petróleo - deve ser usada como exemplo para os outros membros da Opep. Os africanos anunciaram um corte na produção de 120 mil barris diários a partir de 1º de outubro. 'A Nigéria quer dar um bom exemplo. Fazemos o que julgamos ser correto à luz da condição atual do mercado.'