Título: Alckmin defende FHC e acusa Lula de não ver futuro
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2006, Nacional, p. A18

As sistemáticas comparações com o governo de Fernando Henrique Cardoso levaram o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, a acusar ontem a candidatura à reeleição do presidente Lula de 'ficar com o farol voltado para o passado'. Em visita a Varginha, no sul de Minas Gerais, o tucano admitiu que a gestão FHC, 'como todo governo', cometeu erros, mas foram 'muito mais acertos'.

'Quem fica olhando muito para trás não vê o futuro. O que está em discussão é quem pode fazer mais pelo Brasil nos próximos quatro anos', disse Alckmin.

Após reafirmar que sua campanha falhou ao embarcar nas discussões levantadas por seu adversário sobre as privatizações, Alckmin disse que não vai mudar o seu discurso. 'O que eu não aceito é mentira, dizer que eu vou privatizar Banco do Brasil, Petrobrás, tudo mentira. A privatização feita foi correta.'

Durante caminhada pelas ruas do centro de Varginha, acompanhado do governador reeleito de Minas, Aécio Neves (PSDB), Alckmin disse que confia em uma recuperação na reta final. 'Na eleição passada (primeiro turno), nessa época, a dez dias das eleições eu não tinha 30%. Quando abriu a urna eu tive 41,5%.'

Discursando de um carro de som, improvisado como palanque numa das principais avenidas da cidade, Aécio pediu à platéia que não deixe se abater com as últimas pesquisas. 'Não vamos nos conformar com o que está acontecendo. Chega de governo irresponsável, chega de governo ineficiente.'

Aécio ressaltou que o apoio a Alckmin não é apenas por 'compromisso partidário' ou 'relação de amizade'. 'É por uma responsabilidade que todos nós temos pelo Brasil. Minas Gerais me deu uma votação consagradora. Nós temos de agradecer essa votação histórica. E pedir a cada companheiro, a cada eleitor que complete essa nossa vitória dando o seu voto a Geraldo Alckmin.'

O candidato do PSDB visitou duas cidades mineiras - antes ele esteve em Uberaba - no mesmo dia em que Lula programou campanha em Divinópolis e em Belo Horizonte. Numa região com forte presença do agronegócio - onde obteve expressiva votação -, Alckmin ouviu apelos por uma política que beneficie os produtores e recebeu apoio das lideranças do setor. 'Os produtores rurais estão com ele (Alckmin). Nós teremos uma política decente, que gere renda, que gere emprego. O País não pode viver de dar esmola para o povo', discursou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faemg), Roberto Simões.

O tema da ética foi abordado por Alckmin no discurso. Ele disse que o seu primeiro compromisso é 'acabar com a roubalheira' e com a 'praga da corrupção'. 'As mães, os pais, os avós educam seus filhos com sacrifício, com dificuldades, mas dizem a eles: 'não pode mentir, não pode roubar'. O Brasil não pode ter esses maus exemplos da maior governança do País, é preciso mudar.'