Título: Planalto esvazia reunião de governadores do PMDB
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2006, Nacional, p. A6

Foi bem-sucedida a operação montada com apoio do Planalto para esvaziar a reunião dos governadores do PMDB marcada para hoje em Florianópolis. Quatro dos seis convidados avisaram ao promotor do evento, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, que não vão aparecer.

No PMDB, a idéia da reunião teve apoio de seu presidente, deputado Michel Temer (SP), mas a reprovação do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Ontem, Luiz Henrique pediu aos governadores que revejam a decisão de não ir. Para facilitar seu 'arrependimento' e dar-lhes tempo de chegar a Florianópolis, adiou o início da reunião para as 19 horas de hoje e estendeu-a pelo sábado.

Em todos os telefonemas a governadores e aliados ontem, Luiz Henrique queixou-se da interferência de Renan e explicou que não se tratava de uma reunião contra o governo. 'Ele ficou furioso quando soube que Renan telefonara para vários de seus convidados, chamando a atenção para o 'simbolismo' de fazer o primeiro encontro dos governadores do partido em Santa Catarina, onde Luiz Henrique fazia oposição a Lula', contou um peemedebista.

Dois governadores que recusaram seu convite - o reeleito Paulo Hartung (ES) e o eleito Sérgio Cabral (RJ) - chegaram a ponderar que seria melhor reprogramar a reunião para Brasília, que é lugar neutro. 'Que história de campo neutro é esta, se eu estou com boa vontade com o governo?', reagiu Luiz Henrique indignado, dando a entender que o objetivo da articulação era justamente o contrário do que pregava Renan.

'Nem poderíamos fazer um movimento de oposição ao governo porque a maioria dos governadores já apoiou o presidente Lula', concordou Temer, que ontem à tarde foi surpreendido com um telefonema do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, para avisar que Lula gostaria de conversar com ele. 'O presidente quer vê-lo na quarta-feira, às 12 horas, e fica a seu critério convidar alguns membros da Executiva Nacional. Você pode levar quem quiser', disse Tarso. O encontro com os peemedebistas deve marcar o início formal da montagem do governo de coalizão.

A notícia de que os governadores do Rio, Espírito Santo, Tocantins e Amazonas não aceitariam seu convite foi dada a Luiz Henrique logo que chegou ao Brasil, depois de uma semana de descanso em Buenos Aires. Até o fim da tarde, só o governador eleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, havia chegado a Florianópolis e Temer e Roberto Requião, do Paraná, haviam confirmado presença.

Luiz Henrique apelou a todos para que não dessem ouvidos 'à operação divisionista de Renan' e disse que seria 'desmoralizante' convidá-los para reunião em local tão bonito como o Costão do Santinho, e ninguém aparecer. Insistiu em que o encontro visava apenas a uma articulação do grupo para se inserir na discussão das questões partidárias e de governo, mais adiante, com Lula. E contou que o governador gaúcho Germano Rigotto, que não foi reeleito, mas declarou que apóia o governo, estaria presente.