Título: Bancos doam mais a candidatos ligados ao governo federal
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2006, Nacional, p. A8

Levantamento com base em informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que os bancos doaram neste ano mais dinheiro para os candidatos que contaram com o apoio do governo federal. Tradicionais grandes doadoras de campanhas eleitorais, as instituições financeiras brasileiras entregaram milhões de reais para os políticos.

O campeão em doações foi o Itaú. De acordo com os dados do TSE, o banco doou pelo menos R$ 4.685.001,48. Em seguida, vieram o Banco Mercantil de São Paulo, com R$ 1.750.000, o Unibanco, com R$ 1.740.418,90, e o Alvorada - ligado ao Bradesco -, com R$ 1.420.000. Os dados são parciais e ainda não levam em conta as doações aos candidatos que disputaram o segundo turno das eleições.

Em 2002, segundo a ONG Às Claras, o Itaú doou para todos que apoiou, incluindo os candidatos à Presidência, um total de R$ 2,8 milhões.

O petista que mais recebeu dinheiro dos bancos, de acordo com as informações parciais da Justiça Eleitoral, foi Aloizio Mercadante, derrotado no primeiro turno da disputa para o governo de São Paulo pelo tucano José Serra. Conforme as informações do TSE, Mercadante recebeu R$ 1.000.000 do Alvorada, R$ 500.000 do Itaú, R$ 300.000 do Unibanco e R$ 100.000 do Alfa.

O tucano contemplado até agora com mais doações de bancos foi Aécio Neves, reeleito governador de Minas. Recebeu R$ 800.000 do Itaú e R$ 350.000 do Unibanco. Também reeleito, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (sem partido), recebeu R$ 100.000 do BMC e R$ 100.000 do BMG. Eleito no primeiro turno para o governo da Bahia, Jaques Wagner (PT) conseguiu R$ 300.000 em doações do Mercantil de São Paulo.

Derrotado na disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul, o senador petista Delcídio Amaral recebeu R$ 400.000 do Mercantil de São Paulo. Ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci não foi esquecido pelos bancos em sua campanha bem-sucedida por uma cadeira na Câmara. Recebeu R$ 150.000 do Unibanco e R$ 100.000 do Itaú.

LULA E ALCKMIN

As informações divulgadas pelo TSE são parciais já que por enquanto só 67% dos cerca de 20 mil candidatos prestaram contas à Justiça Eleitoral. Entre os que não prestaram contas estão os que descumpriram prazos e os que disputaram o segundo turno para governos estaduais e para o Palácio do Planalto.

A expectativa é de que as instituições financeiras tenham doado grandes somas para as campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu opositor no segundo turno, o tucano Geraldo Alckmin. No entanto, essas informações só serão conhecidas no dia 28 deste mês, quando termina o prazo para que os dois prestem contas ao TSE.