Título: MST invade sede do Incra em Andradina
Autor: Chico Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2006, Nacional, p. A11

Cerca de 800 membros do Movimento dos Sem-Terra (MST) ocuparam ontem a agência do Banco do Brasil e a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Andradina (SP). Os manifestantes invadiram as dependências do Incra por volta das 9h30 e logo colocaram colchões num grande barracão onde pretendiam passar a noite. No começo da tarde, centenas fizeram passeata pelas ruas da cidade e, aos gritos , invadiram a agência do Banco do Brasil, no centro.

Uma comissão se reuniu com os gerentes, que receberam a pauta de reivindicações - o que pôs fim à invasão no fim do expediente. A ocupação no Incra, porém, é por tempo indeterminado. Os sem-terra protestam contra a demora da Justiça em julgar os processos de desapropriação de 23 fazendas e cobram a liberação de créditos para apoio à produção agrícola de mil famílias instaladas em seis novos assentamentos. Também querem do Incra agilidade em acordos para liberar duas fazendas para reforma agrária.

O Incra pediu um prazo até a próxima quinta-feira para discutir os assuntos, o que revoltou os sem-terra. 'É muito tempo, vamos pressionar o Incra a lutar pelos nossos direitos', afirmou Lourival Plácido de Paulo, diretor estadual do MST.

No Rio Grande do Sul, os 150 sem-terra que segunda-feira haviam ocupado a Fazenda Palermo saíram da área ontem à noite, depois de fazer acordo com a Brigada Militar, que já cercava o acampamento para cumprir a ordem de despejo. A negociação foi tensa, mas não houve conflito. A reintegração de posse ao dono, Renan Toniazzo, foi concedida na terça-feira pela Justiça e estipulava prazo de 48 horas para a desocupação.

Depois de sair, os sem-terra acamparam à beira da estrada de acesso à fazenda. O MST quer assentar 60 famílias na área, de 1,2 mil hectares. Processo de desapropriação iniciado pelo governo federal é contestado na Justiça por Toniazzo.

No sul do Estado, 350 sem-terra que marcham de Santana do Livramento a São Gabriel avançaram ontem mais 12 quilômetros. Eles caminharam de madrugada pela BR-158 e montaram acampamento à beira da estrada ao meio-dia, a 20 quilômetros de Rosário do Sul. O grupo pede que o Incra fiscalize índices de produtividade em duas propriedades da região e desaproprie a fazenda de Alfredo Southall, em São Gabriel.

Perto de Porto Alegre, outra marcha, na direção da Fazenda Dragão, em Eldorado do Sul, reúne 400 sem-terra, mas estacionou em Charqueadas, na BR-290, por causa da chuva. O MST quer a desapropriação da área, que tem 760 hectares.