Título: Serra anuncia 9 nomes e encerra disputa por secretarias estratégicas
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2006, Nacional, p. A4

Para acabar com qualquer pretensão de partidos aliados sobre pastas estratégicas da administração estadual, o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), anunciou ontem de uma só vez o nome de nove secretários que vão comandar as áreas mais importantes do governo, como Segurança Pública, Administração Penitenciária, Saúde, Educação e Transportes Metropolitanos. Agora, são dez os nomeados - são 23 secretarias.

PFL, PTB e PPS, que fizeram parte da coligação que elegeu Serra, esperam do tucano espaço na máquina. O governador eleito já disse que vai governar com os aliados, mas enterrou ontem qualquer expectativa de indicação exclusivamente partidária. 'Eu tenho levado em conta todos os partidos, mas, francamente, para o secretariado, estou preferindo formar uma equipe que sei que tem sensibilidade política, mas não como representação partidária. Isso não significa que os partidos não terão voz.'

Entre os secretários apresentados, apenas um, Rogério Amato, atual secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, atendeu a requisitos técnicos e políticos. Ele é ligado ao PFL e a pasta, esvaziada, segundo tucanos, não é considerada das mais fortes.

Além de Amato, o tucano optou por manter outros três secretários da equipe do governador Cláudio Lembo (PFL). São eles: Maria Lúcia Marcondes (Educação), Luiz Roberto Barradas Barata (Saúde) e Antônio Ferreira Pinto (Administração Penitenciária). 'Ouvi falar muito bem deles', disse Serra.

Outro pefelista cotado para integrar o governo tucano é Guilherme Afif Domingos, que pediu ao governador eleito a pasta do Trabalho.

Serra também confirmou que levará para o Estado mais três secretários que atuam na Prefeitura de São Paulo: Aloysio Nunes Ferreira para a Casa Civil, Francisco Luna para o Planejamento e Luiz Antônio Guimarães Marrey para a pasta da Justiça. Ele já havia anunciado Mauro Ricardo Costa, que comanda as finanças municipais, para a Fazenda. 'Espero parar por aí', afirmou, explicando que não quer desfalcar mais a equipe municipal.

Para a área mais crítica do governo, a segurança, Serra confirmou o ex-policial militar e promotor aposentado Ronaldo Marzagão, a quem chamou de doutor e não poupou elogios. 'O doutor Marzagão tem experiência de diversos ângulos, da Polícia Militar, do Ministério Público, do serviço público na área da segurança e do lado de defensor de réus, como advogado brilhante', disse Serra. Deixar Ferreira Pinto no comando do sistema prisional foi uma recomendação de Lembo, disse Serra.

O tucano foi lacônico ao falar da sua orientação para os dois secretários que têm como missão enfrentar o crime organizado. 'Será a linha do trabalho firme, duro contra o crime e respeitoso com os direitos humanos. Nem linha mole, nem linha dura. É a linha correta.'

Contrariando as expectativas, Serra, que já nomeou quase metade do seu secretariado, não optou por nenhum ex-ministro até agora. Esperava-se que ele fizesse um governo de visibilidade nacional. O vice-governador Alberto Goldman, que já foi ministro dos Transportes, não ficará com a Secretaria dos Transportes, como era cogitado. Ele será o coordenador dos quatro conselhos que o tucano pretende recriar - inspirado nos tempos do governador Franco Montoro - para integrar as várias áreas da administração. É um cargo estratégico e diretamente ligado a Serra. Outra novidade é que a segurança será cuidada de perto por um desses conselhos para evitar que haja um descompasso entre as pastas da Segurança e Administração Penitenciária - falha que ficou evidente com a onda de ataques do PCC neste ano no Estado.

Para a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Serra trará José Luiz Portella, que foi secretário-adjunto no Ministério dos Transportes na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.