Título: Governo quer mínimo de R$ 367, não R$ 375
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2006, Nacional, p. A8

O governo pediu ontem que o relator do Orçamento de 2007, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), reduza a previsão de aumento do salário mínimo de R$ 375 para R$ 367. O objetivo é ajustar o valor ao que prevê a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Isso geraria economia de R$ 1,3 bilhão.

O texto da LDO ainda precisa ser votado pelo Congresso, mas determina que o salário mínimo tenha aumento real igual ao crescimento do PIB per capita, o que, pelas projeções atuais, redundaria em reajuste de 5%, não os 7,12% previstos.

'A proposta é que seja cumprida a LDO', disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, depois de um rápido encontro com o relator e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Os ministros também descartaram a proposta que Raupp vinha defendendo, de reajustar a tabela do Imposto de Renda em 10%, sugerindo que há outras prioridades de desoneração tributária para 2007. O custo das medidas que estão em estudo pela equipe econômica precisará ser compensado com redução equivalente de despesas.

Raupp deixou ontem a reunião com Mantega e Bernardo dizendo não estar disposto a alterar os R$ 375, já que são grandes as pressões das centrais sindicais para que conceda reajuste ainda maior, de pelo menos R$ 400. 'Com as pressões que estamos sofrendo, como é que vamos reduzir o salário mínimo? Podemos até cortar o valor das emendas, mas não vamos mexer nos R$ 375.'

Nos bastidores, especula-se que o gesto seria apenas jogo de cena para neutralizar a reivindicação das centrais. Com a redução para R$ 367, os sindicalistas seriam levados a rebaixar a reivindicação e negociar com o presidente Lula a manutenção dos R$ 375. Só que o relator precisaria assumir o desgaste da estratégia, o que ele não quer.

Segundo Raupp, os ministros prazo até o início de dezembro para fechar os números. Além da previsão de despesas, será preciso estimar as receitas com base nas eventuais desonerações. 'Acredito que seja o Orçamento mais apertado da história do País', disse.