Título: Tata deve cobrir oferta da CSN pela Corus
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2006, Negócios, p. B10

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deve apresentar a proposta firme pela Corus nas próximas duas semanas, o que deve atrair resposta na forma de uma oferta mais alta de parte da indiana Tata Steel, disseram ontem fontes próximas ao negócio.

Assessores da CSN e do grupo siderúrgico anglo-holandês iniciaram negociações no final de semana, depois que a empresa brasileira apresentou sem aviso uma proposta de aquisição no valor de 4,26 bilhões de libras (US$ 8,1 bilhões) na noite de sexta-feira, superando a oferta da Tata.

Analistas esperam que a CSN conclua o procedimento formal de avaliação da Corus antes que os acionistas votem a proposta da Tata, em reunião marcada para 4 de dezembro, e que apresente oferta firme até lá. 'Obviamente, velocidade é essencial. Não posso subestimar a seriedade da CSN', disse uma pessoa familiarizada com a negociação.

A entrada da CSN transformou o negócio num leilão, avaliou ontem Germano Mendes de Paula, especialista em siderurgia e mineração. 'A situação agora é imprevisível. A disputa pela Corus já é um leilão', disse.

As ações da Corus subiram 1,3%, e fecharam acima de 500,6 pences, num patamar mais alto do que os 475 pences por ação da oferta apresentada pela CSN. A oferta da Tata é de 455 pences por ação.

As ações da Tata Steel, o maior grupo siderúrgico privado da Índia, caíram 3,6%, porque os investidores estão preocupados com a possibilidade de que a empresa pague caro demais pela Corus caso ocorra uma disputa pela aquisição.

'Acreditamos que seja improvável que a Tata desista da Corus depois de dedicar tanto tempo e esforço ao processo', afirmou a Kotak Institutional Research em nota de pesquisa. (Mas a) Corus provavelmente encontrará dificuldades para continuar favorecendo a oferta da Tata Steel a menos que esta a revise e aumente', diz a consultoria.

A tentativa da CSN em se converter no quinto maior grupo siderúrgico do mundo (hoje é o 49º) deverá seguir o mesmo modelo adotado pela Companhia Vale do Rio Doce na compra da Inco. A empresa deverá mobilizar bancos para obtenção de um empréstimo-ponte e posterior operação definitiva para alongamento da dívida.

VANTAGENS

De acordo com Germano, a compra da Corus pela CSN dará à empresa brasileira poucos novos negócios, uma vez que as duas empresas têm perfis parecidos. O principal negócio da Corus é a produção de aços planos, o mesmo da CSN.

A grande diferença é que a CSN não produz chapas grossas. Já a Corus tem duas unidades para produção de 1 milhão de toneladas de chapas grossas por ano.