Título: Petróleo cai para menor preço do ano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2006, Economia, p. B1

As cotações do petróleo caíram ontem em Londres e Nova York, apesar do corte na produção anunciado quinta-feira pelos ministros da Opep. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril do tipo leve para entrega em novembro perdeu US$ 1,68 e fechou em US$ 56,82, o nível mais baixo desde novembro de 2005. Na Bolsa de Londres, o barril do Brent para entrega também em novembro recuou US$ 1,19, para US$ 59,68.

Após um encontro extraordinário no Catar, a Opep anunciou que, a partir de novembro, reduzirá a sua produção diária em 1,2 milhão de barris, para 26,3 milhões de barris. O objetivo é elevar a cotação, que em julho atingiu US$ 78,40 o barril em Nova York, um recorde.

Segundo fontes da Opep, o plano é manter o preço na casa de US$ 60, o que justifica o investimento no aumento da capacidade produtiva, permite o crescimento econômico e desestimula combustíveis alternativos.

No mercado financeiro, a decisão foi recebida com desconfiança.'Ainda há algum grau de ceticismo com respeito à execução dos cortes anunciados', disse Tobin Gorey, estrategista de matérias-primas do Commonwealth Bank of Australia.

O analista Tom Bentz, do banco BNP Paribas, observou que 'as pessoas estão olhando para os fundamentos e dizendo que há uma oferta excessiva'. Também lembrou que ainda há dúvidas a respeito da real adesão dos integrantes da Opep ao acordo de redução da produção. 'Mas tenho de acreditar que são sérios.'

Mas nem todos os analistas têm a mesma avaliação. Tetsu Emori, chefe da área de estratégias do Mitsui Bussan Futures em Tóquio argumentou que o volume de 1,2 milhão de barris decidido pela Opep foi uma surpresa. 'Mostra a determinação do grupo', afirmou. Antes da reunião, as informações da própria organização davam conta de que o corte seria de 1 milhão de barris diários. 'Eles obviamente queriam enviar uma mensagem para o mercado.'

De fato, alguns ministros da organização disseram, após o encontro, que uma redução adicional de 500 mil barris diários pode ser determinada na próxima reunião do grupo, na Nigéria, em dezembro.

Para Fernando Fix, economista-chefe da Votorantim Asset Management, o mercado de petróleo deve ficar volátil no curto prazo. 'Não enxergamos nem tendência de alta nem de baixa.' No longo prazo, Fix acredita que a sustentação dos preços depende do desempenho da economia mundial. 'Os EUA estão desacelerando, mas outros países devem compensar esse recuo.' X