Título: 'Ou bate ou tira logo esse programa do ar'
Autor: Cida Fontes e Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Nacional, p. A4

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) perdeu a paciência com Geraldo Alckmin. Cansado de reclamar, em vão, da recusa de Alckmin em atacar seu principal adversário - o presidente Lula -, ACM não esconde mais sua irritação com a falta de entrosamento entre o marketing e o comando da campanha. É o que deixa claro na entrevista ao Estado.

O senhor gostou da estréia de Alckmin no horário eleitoral?

Achei que faltou, como tem faltado, uma indignação em relação ao Lula corrupto. Ele tem de mudar o estilo sereno e linear. Acho um erro essa resistência em bater no Lula. Ou bate ou tira logo esse programa do ar.

O senhor acha que ele devia fazer como o senhor, que diz que o presidente Lula é corrupto e ladrão?

Ele tem de mostrar que o maior sanguessuga do Brasil é Lula. Que valerioduto e mensalão foram coisas de Lula, feitas para cooptar parlamentares para a base aliada, coincidentemente todos sanguessugas.

Quem é responsável pela adoção desse estilo que o senhor critica?

Não sei de quem é a culpa. Não sei se dele (Alckmin) ou do Gonzáles (jornalista responsável pelo marketing da campanha). Só sei que, para crescer nas pesquisas, tem de dizer as verdades, inclusive explicando o mensalão. O povo esqueceu esse mensalão por causa dos sanguessugas.

Mas tucanos de expressão nacional, como o governador Aécio Neves (MG), dizem que o candidato deve manter seu estilo e não atacar o presidente Lula.

Esses que dizem eu respeito. Mas não é essa a realidade que sinto do povo nas ruas. Ficam achando que está tudo bem na campanha, mas não está.

Com esse discurso sereno e morno dá para ganhar a eleição?

O candidato tem de ser mais duro. Quem está atrás nas pesquisas tem de ser mais veemente. Não é com leniência que ele vai crescer.

Também se queixam de que os aliados nos Estados não citaram o nome de Alckmin nos programas de TV dos candidatos ao governo.

Na Bahia todos nós falamos no nome dele. Eu cito o nome dele em todo canto. Ele é que não fala em mensalão, não fala em sanguessuga, em coisa nenhuma.

O senhor foi procurado pelo marketing da campanha de Alckmin para veicular alguma coisa no horário eleitoral do PFL baiano?

Podiam produzir imagens do candidato conosco aqui ou podiam ter pedido para a gente produzir algum material ou ao menos para falar nele. Mas não pediram nada. Não procuram ninguém nem material mandam para a gente. Aqui na Bahia não recebi material de campanha do Alckmin até agora. Nada.