Título: Após três dias de TV, Lula mantém dianteira
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Nacional, p. A6

Dois dias de propaganda eleitoral na televisão e no rádio foram pouco para influenciar o eleitor. Nada mudou no cenário da disputa presidencial desde a semana passada, garante pesquisa Ibope apurada entre os dias 15 e 17 - o horário eleitoral começou no dia 15 - e divulgada ontem pela TV Globo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 47% (46% na rodada anterior) e venceria no primeiro turno. Geraldo Alckmin (PSDB) manteve os 21% da rodada anterior, assim como Heloísa Helena (PSOL) repetiu os 12%.

Se não captou a influência do horário eleitoral, a pesquisa foi a campo depois das entrevistas dos candidatos no Jornal Nacional, da TV Globo, e do debate de candidatos na TV Bandeirantes (ao qual Lula não compareceu). A estabilidade dos números mostra que as sabatinas dos candidatos não impressionaram o eleitorado, diz Márcia Cavallari, diretora do Ibope.

Lula subiu 1 ponto no Norte/Centro-Oeste, no Nordeste e no Sudeste; e perdeu 2, dentro da margem de erro, no Sul. Os melhores desempenhos de Lula são 69% no Nordeste, 57% nos municípios até 20 mil habitantes e 54% entre os que têm até a 4ª série do ensino básico.

A performance de Alckmin na pesquisa revelou um perde-e-ganha em alguns segmentos e regiões. Ele perdeu 6 pontos porcentuais nos municípios com mais de 100 mil habitantes e 7 pontos no eleitorado com escolaridade superior; nos dois casos, as perdas devem ser debitadas ao efeito dos ataques do crime organizado em São Paulo. Nas regiões, ele oscilou 2 pontos para baixo no Norte/Centro-Oeste, ganhou 3 pontos no Nordeste, perdeu 4 no Sudeste e subiu 5 na Região Sul.

Na pesquisa espontânea, Lula é citado por 36%, Alckmin, por 12% e Heloísa, por 7%. O porcentual de indecisos na pesquisa espontânea caiu significativamente - de 40% para 35% -, assim como os que votam branco ou nulo (de 11% para 8%). Mas essa redução diluiu-se entre os candidatos, não beneficiando nenhum, em especial.

Na simulação de segundo turno (hipotética, porque Lula ganharia no primeiro), o petista ampliou a diferença: venceria por 53% a 32% (51% a 33% em 10 de agosto e 48% a 39% em 25 de julho). A rejeição aos candidatos também se manteve estável: Lula não receberia o voto de 27% (28% na anterior), Alckmin, de 22% (22% na anterior) e Heloísa, de 24% (23% na anterior).

AVALIAÇÃO DO GOVERNO

A avaliação do governo mudou pouco em dez dias: a soma de "ótimo" e "bom" continuou em 41%, enquanto a soma de "péssimo" e "ruim" oscilou de 22% para 21%. No todo, 57% aprovam o governo e 34% o desaprovam. O governo tem sua aprovação máxima - 79% - no Nordeste, principal reduto eleitoral de Lula; a pior aprovação - 42% - continua sendo no Sul, onde a maioria (46%) desaprova o governo.

A pesquisa Ibope para a TV Globo consultou 2.002 eleitores em 140 municípios brasileiros e foi a campo entre os dias 15 e 17 de agosto, com margem de erro de 2 pontos porcentuais.